segunda-feira, 4 de maio de 2020

VÍCIOS DE LINGUAGEM


VÍCIOS DE LINGUAGEM
Vícios de Linguagem são alterações defeituosas das normas da língua padrão, provocadas por ignorância, descuido ou descaso por parte do falante.

Os vícios de linguagem se classificam em:

1. CACÓFATO - Palavra de origem grega que significa “mau som”, RESULTANTE DA aproximação das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de outra, formando uma terceira de “som desagradável”.
Exemplos:
Durante a Olimpíada de Atlanta, um repórter afirmou com muita ênfase: “Até hoje, o atletismo era o esporte que havia dado mais medalhas para o Brasil.”
Na transmissão do jogo Brasil x Coréia, ouviu-se: “Flávio Conceição pediu a bola e Cafu deu.”

Cacófatos mais conhecidos:

“Uma prima minha…”, “Na boca dela…”, “Na vez passada…”, “Eu vi ela…”, “Teu time nunca ganha”, entre outros.
Segundo o gramático e filólogo Napoleão Mendes de Almeida “Só haverá cacofonia quando a palavra produzida for torpe, obscena ou ridícula. É infundado o exagerado escrúpulo de quem diz haver cacófato em ‘por cada’, ‘ela tinha’ e ‘só linha’.” No mesmo caso podemos incluir “uma mão” e “já tinha”.

2. REDUNDÂNCIA / PLEONASMO / TAUTOLOGIA - Palavra ou expressão desnecessária, por indicar ideia que já faz parte de outra passagem do texto.

Exemplos:

Você sabe o que significa “elo”? Além de sinônimo de argola, figurativamente elo pode significar “ligação, união”. Então “elo de ligação” é outro caso de redundância. Basta dizer que alguma coisa funciona como elo, e não que funciona como “elo de ligação”.
O mesmo raciocínio se aplica em casos como o de “criar mil novos empregos”. Pura redundância. Basta dizer “criar mil empregos”.
Se é consenso, é geral. É redundante dizer “Há consenso geral em relação a isso”. Basta dizer que há consenso.
“Prefiro mais” é errado. A força do prefixo (pre) dispensa o advérbio (mais). Diga sempre: prefiro sair sozinha; prefiro comer carne branca. Nada mais!

Outros exemplos de redundância:

“Acabamento final” (O acabamento vem no fim mesmo)

“Criar novas teorias” (O que se cria é necessariamente novo)


“Derradeira última esperança” (Derradeira é sinônimo de última)


“Ele vai escrever a sua própria autobiografia” (Autobiografia é a biografia de si mesmo)

“Houve contatos bilaterais entre as duas partes” (Basta: “bilaterais
entre as partes”)

“O nível escolar dos alunos está se degenerando para pior” (É impossível degenerar para melhor)

“O concurso foi antecipado para antes da data marcada” (Será que dá para antecipar para depois?)

“Ganhe inteiramente grátis” (Se ganhar só pode ser grátis, imagine inteiramente grátis. Parece que alguém pode ganhar alguma coisa parcialmente grátis)

“Por decisão unânime de toda a diretoria” (Boa foi a decisão unânime só da metade da diretoria!)

“O juiz deferiu favoravelmente” (Se não fosse favoravelmente, o juiz tinha indeferido)

“Não perca neste fim de ano, as previsões para o futuro” (Ainda estamos para ver as previsões para o passado!)


3. SOLECISMO - Colocação inadequada de algum termo, contrariando as regras da norma culta em relação à sintaxe (parte da gramática que trata da disposição das palavras na frase e das frases no período). São os erros que atentam contra as normas de concordância, de regência ou de colocação.

Solecimos de regência:

Ontem assistimos o filme (por: Ontem assistimos ao filme).
Cheguei no Brasil em 1923 (por: Cheguei ao Brasil em 1923).
Pedro visava o posto de chefe (correto: Pedro visava ao posto de chefe).

Solecismo de concordância:

Haviam muitas pessoas na festa (correto: Havia muitas pessoas na festa)
O pessoal já saíram? (correto: O pessoal já saiu?).

Solecismo de colocação:

Foi João quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou).
Me empresta o lápis (Correto: Empresta-me o lápis).


4. ECO - Espécie de cacofonia que consiste na sequência de sons vocálicos, idênticos, ou na proximidade de palavras que têm a mesma terminação. Também se chama assonância. Ex.: É possível a aprovação da transação sem concisão e sem associação.


5. ARCAÍSMO - Palavras, expressões, construções ou maneira de dizer que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego diverso.
Na língua viva contemporânea: assi (por assim) entonces (por então), vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a significação antiga de enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar), faria-te um favor (não se coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma verbal do futuro do indicativo), etc.


6. VULGARISMO / BARBARISMO - É o uso linguístico popular em contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma região. O vulgarismo pode ser fonético, morfológico e sintático.

Fonético:

A queda dos “erres” finais: andá, comê, etc. A vocalização do “L” final nas sílabas.
Ex.: mel = meu , sal = sau etc.
A monotongação dos ditongos.
Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.
A intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.
Ex.: advogado = adevogado, rítmo = rítimo, psicologia = pissicologia.

Morfológico e sintático:

Temos a simplificação das flexões nominais e verbais. Ex.: Os aluno, dois quilo, os home brigou.
Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto em lugar do oblíquo. Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.

Os ESTRANGEIRISMOS também são considerados barbarismos.
 Ex: weekend em vez de fim de semana.


7. OBSCURIDADE: Vício de linguagem que consiste em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado, ininteligível.

Em um texto, as principais causas da obscuridade são: o abuso do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a sínquise (hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase, as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.

Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em vez de efusão inútil de sangue).

8. PRECIOSISMO: Expressão rebuscada. Usa-se com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama de “falar difícil”, “estar gastando”.

Ex.: “O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará além os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e rendilhara doalto e de leve as nuvens da delicadeza, arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos.”

OBS.: O preciosismo também pode ser chamado de PROLIXIDADE.

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