VÍCIOS DE LINGUAGEM
Vícios de
Linguagem são alterações defeituosas das normas da língua padrão, provocadas
por ignorância, descuido ou descaso por parte do falante.
Os vícios de linguagem se classificam em:
1. CACÓFATO - Palavra
de origem grega que significa “mau som”, RESULTANTE DA aproximação das sílabas
finais de uma palavra com as iniciais de outra, formando uma terceira de “som
desagradável”.
Exemplos:
Durante
a Olimpíada de Atlanta, um repórter afirmou com muita ênfase: “Até hoje, o atletismo era o esporte
que havia dado mais medalhas
para o Brasil.”
Na transmissão do
jogo Brasil x Coréia, ouviu-se:
“Flávio Conceição pediu a bola e Cafu
deu.”Cacófatos mais conhecidos:
“Uma
prima minha…”, “Na boca dela…”, “Na vez passada…”, “Eu vi ela…”, “Teu time
nunca ganha”, entre outros.
Segundo
o gramático e filólogo Napoleão Mendes de Almeida “Só haverá cacofonia quando a
palavra produzida for torpe, obscena ou ridícula. É infundado o exagerado
escrúpulo de quem diz haver cacófato em ‘por cada’, ‘ela tinha’ e ‘só linha’.”
No mesmo caso podemos incluir “uma mão” e “já tinha”.
2.
REDUNDÂNCIA / PLEONASMO / TAUTOLOGIA - Palavra ou expressão desnecessária, por indicar ideia
que já faz parte de outra passagem do texto.
Você
sabe o que significa “elo”? Além de sinônimo de argola, figurativamente elo
pode significar “ligação, união”. Então “elo
de ligação” é outro caso de redundância. Basta dizer que alguma coisa
funciona como elo, e não que funciona como “elo de ligação”.
O
mesmo raciocínio se aplica em casos como o de “criar mil novos empregos”. Pura
redundância. Basta dizer “criar mil empregos”.
Se
é consenso, é geral. É redundante dizer “Há consenso geral em relação a isso”.
Basta dizer que há consenso.
“Prefiro
mais” é errado. A força do prefixo (pre) dispensa o advérbio (mais). Diga sempre: prefiro
sair sozinha; prefiro comer carne branca. Nada mais!
“Acabamento final” (O acabamento vem no fim mesmo)
“Criar novas teorias” (O que se cria é necessariamente novo)
“Derradeira última esperança” (Derradeira é sinônimo de última)
“Ele vai escrever a sua própria autobiografia” (Autobiografia é a biografia de si mesmo)
“Houve contatos bilaterais entre as duas partes” (Basta: “bilaterais
entre as partes”)
“O nível escolar dos alunos está se degenerando para pior” (É impossível degenerar para melhor)
“O concurso foi antecipado para antes da data marcada” (Será que dá para antecipar para depois?)
“Ganhe inteiramente grátis” (Se ganhar só pode ser grátis, imagine inteiramente grátis. Parece que alguém pode ganhar alguma coisa parcialmente grátis)
“Por decisão unânime de toda a diretoria” (Boa foi a decisão unânime só da metade da diretoria!)
“O juiz deferiu favoravelmente” (Se não fosse favoravelmente, o juiz tinha indeferido)
“Não perca neste fim de ano, as previsões para o futuro” (Ainda estamos para ver as previsões para o passado!)
3.
SOLECISMO - Colocação
inadequada de algum termo, contrariando as regras da norma culta em relação à
sintaxe (parte da gramática que trata da disposição das palavras na frase e das
frases no período). São os erros que atentam contra as normas de concordância,
de regência ou de colocação.
Solecimos
de regência:
Ontem
assistimos o filme (por: Ontem assistimos ao filme).
Cheguei
no Brasil em 1923 (por: Cheguei ao Brasil em 1923).
Pedro
visava o posto de chefe (correto: Pedro visava ao posto de chefe).
Solecismo
de concordância:
Haviam
muitas pessoas na festa (correto: Havia muitas pessoas na festa)
O pessoal
já saíram? (correto: O pessoal já saiu?).
Solecismo
de colocação:
Foi João
quem avisou-me (correto: Foi João quem me avisou).
Me
empresta o lápis (Correto: Empresta-me o lápis).
4. ECO - Espécie de cacofonia que consiste na sequência
de sons vocálicos, idênticos, ou na proximidade de palavras que têm a mesma
terminação. Também se chama assonância. Ex.: É possível a aprovação
da transação sem concisão e sem associação.
5. ARCAÍSMO - Palavras, expressões, construções ou maneira de
dizer que deixaram de ser usadas ou passaram a ter emprego diverso.
Na língua viva contemporânea: assi (por assim) entonces (por
então), vosmecê (por você), geolho (por joelho), arreio (o qual perdeu a
significação antiga de enfeite), catar (perdeu a significação antiga de olhar),
faria-te um favor (não se coloca mais o pronome pessoal átono depois de forma
verbal do futuro do indicativo), etc.
6. VULGARISMO / BARBARISMO - É o uso linguístico popular em
contraposição às doutrinas da linguagem culta da mesma região. O vulgarismo
pode ser fonético, morfológico e sintático.
Fonético:
A queda
dos “erres” finais: andá,
comê, etc. A vocalização do “L” final nas sílabas.
Ex.: mel = meu , sal = sau etc.
A
monotongação dos ditongos.
Ex.: estoura = estóra, roubar = robar.
A
intercalação de uma vogal para desfazer um grupo consonantal.
Ex.: advogado = adevogado, rítmo =
rítimo, psicologia = pissicologia.
Morfológico
e sintático:
Temos a simplificação das flexões nominais e
verbais. Ex.: Os aluno, dois quilo, os home brigou.
Também o emprego dos pronomes pessoais do caso reto
em lugar do oblíquo. Ex.: vi ela, olha eu, ó gente, etc.
Os ESTRANGEIRISMOS
também são considerados barbarismos.
Ex: weekend em vez de fim de semana.
Ex: weekend em vez de fim de semana.
7. OBSCURIDADE: Vício de linguagem que consiste
em construir a frase de tal modo que o sentido se torne obscuro, embaraçado,
ininteligível.
Em um texto, as principais causas da obscuridade
são: o abuso
do arcaísmo e o neologismo, o provincianismo, o estrangeirismo, a elipse, a
sínquise (hipérbato vicioso), o parêntese extenso, o acúmulo de orações
intercaladas (ou incidentes) as circunlocuções, a extensão exagerada da frase,
as palavras rebuscadas, as construções intrincadas e a má pontuação.
Ex.: Foi evitada uma efusão de sangue inútil (Em
vez de efusão inútil de sangue).
8. PRECIOSISMO: Expressão rebuscada. Usa-se
com prejuízo da naturalidade do estilo. É o que o povo chama de “falar
difícil”, “estar gastando”.
Ex.: “O fulvo e voluptoso Rajá celeste derramará
além os fugitivos esplendores da sua magnificência astral e rendilhara doalto e de leve as nuvens da
delicadeza, arquitetural, decorativa, dos estilos manuelinos.”
OBS.: O preciosismo também pode
ser chamado de PROLIXIDADE.
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