segunda-feira, 6 de março de 2023

CONCURSO CORPO DE BOMBEIROS RJ 2023 - LÍNGUA PORTUGUESA - PARTE 3

 10. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

Os tempos verbais (presente, pretérito e futuro) indicam quando ocorre a ação, estado ou fenômeno expressado pelo verbo.

Presente - não só indica o momento atual, mas ações regulares ou situações permanentes. Exemplos:

Tomo medicamentos.

Estou aqui!

Lá, neva muito.

 

Pretérito  (passado) - indica momentos anteriores, decorridos ou acabados. Exemplos:

Eles fizeram mesmo isso?

Eu não acreditava no que meus olhos viam.

Trovejou a noite toda!

 

Futuro - indica acontecimentos que se realizarão. Exemplos:

Dormirei o dia todo se for preciso.

Ficarei aqui!

Ventará durante o dia.

Os tempos verbais (presente, pretérito e futuro) se unem aos modos verbais (indicativo, subjuntivo e imperativo) para indicar a forma como ocorrem as ações, estados ou fenômenos expressados pelo verbo.

O modo indicativo expressa certezas.

Exemplo: O aluno entendeu.

O modo subjuntivo expressa desejos e possibilidades.

Exemplo: Tomara que o aluno entenda.

O modo imperativo expressa ordens, pedidos.

Exemplo: Por favor, entenda!

 

Tempos do modo indicativo

Os tempos do indicativo são: presente, pretérito (perfeito, imperfeito e  mais-que-perfeito), futuro (do presente e do pretérito).

 

Presente

O presente do indicativo exprime uma ação na atualidade.

Exemplo: Leio o jornal todos os dias pela manhã.

Conjugação do verbo ler no presente do indicativo: (eu) leio, (tu) lês, (ele) lê, (nós) lemos, (vós) ledes, (eles) leem.

 

Pretérito

O pretérito indica passado e, no modo indicativo, ele é usado para situações acabadas, para situações inacabadas ou para situações anteriores a outras já passadas.

Assim, existem três tipos de pretérito: pretérito perfeito, pretérito imperfeito e pretérito mais-que-perfeito.

 

1. Pretérito perfeito - o pretérito perfeito do indicativo exprime uma ação concluída.

Exemplo: Porém, ontem não li o jornal.

Conjugação do verbo ler no pretérito perfeito: (eu) li, (tu) leste, (ele) leu, (nós) lemos, (vós) lestes, (eles) leram.

 

2. Pretérito imperfeito - o pretérito imperfeito do indicativo exprime uma ação anterior ao presente, mas ainda não concluída.

Exemplo: Antes não lia nenhum tipo de publicação.

Conjugação do verbo ler no pretérito imperfeito do indicativo: (eu) lia, (tu) lias, (ele) lia, (nós) líamos, (vós) líeis, (eles) liam.

 

3. Pretérito mais-que-perfeito - o pretérito mais-que-perfeito exprime uma ação anterior a outra já concluída.

Exemplo: Quando saí para trabalhar, já lera o jornal de hoje.

Esse tempo está em desuso, porém embora não seja empregado, é importante conhecê-lo. É mais comum combinar dois ou mais verbos que transmitam o mesmo sentido.

Exemplo: Quando saí para trabalhar, já tinha lido o jornal de hoje.

Conjugação do verbo ler no pretérito mais-que-perfeito: (eu) lera, (tu) leras, (ele) lera, (nós) lêramos, (vós) lêreis, (eles) leram.


Futuro

O futuro indica algo que se realizará e, no modo indicativo, ele  é usado para situações que se realizarão depois do momento em que falamos ou para situações que se realizariam, se não fossem interrompidas por uma situação passada.

1. Futuro do presente - o futuro do presente exprime uma ação que irá se realizar.

Exemplo: Amanhã lerei o jornal na hora do almoço.

Conjugação do verbo ler no futuro do presente: (eu) lerei, (tu) lerás, (ele) lerá, (nós) leremos, (vós) lereis, (eles) lerão.

2. Futuro do pretérito - o futuro do pretérito exprime uma ação futura em relação a outra já concluída.

Exemplo: Leria mais se houvera (ou se tivesse havido) tempo.

Conjugação do verbo ler no futuro do pretérito: (eu) leria, (tu) lerias, (ele) leria, (nós) leríamos, (vós) leríeis, (eles) leriam.

 

Tempos do modo subjuntivo

Os tempos do subjuntivo são: presente, pretérito (imperfeito) e futuro.

Presente

O presente do subjuntivo exprime uma ação na atualidade que é incerta ou duvidosa.

Exemplo: Que eles leiam!

Conjugação do verbo ler no futuro do subjuntivo: (que eu) leia, (que tu) leias, (que ele) leia, (que nós) leiamos, (que vós) leiais, (que eles) leiam.

 

Pretérito

O pretérito imperfeito do subjuntivo exprime um verbo no passado dependente de uma ação também já passada.

Exemplo: Se eles lessem estariam informados.

 

Conjugação do verbo ler no pretérito imperfeito do subjuntivo: (se eu) lesse, (se tu) lesses, (se ele) lesse, (se nós) lêssemos, (se vós) lêsseis, (se eles) lessem.

 

Futuro

O futuro do subjuntivo exprime uma ação que irá se realizar dependendo de outra ação futura.

Exemplo: Quando eles lerem ficarão informados.

Conjugação do verbo ler no futuro do subjuntivo: (quando eu) ler, (quando tu) leres, (quando ele) ler, (quando nós) lermos, (quando vós) lerdes, (quando eles) lerem.

 

Tempos do modo imperativo

O modo imperativo se apresenta apenas no presente, e pode ser afirmativo ou negativo.

 

Modo imperativo afirmativo

O imperativo afirmativo expressa uma ordem na forma positiva.

Exemplo: Eu estou cansada. Leia ele o relatório.

Conjugação do verbo ler no imperativo afirmativo: lê (tu), leia (você), leiamos (nós), lede (vós), leiam (vocês).

 

Modo imperativo negativo

O imperativo negativo expressa uma ordem na forma negativa.

Exemplo: Precisamos de uma apresentação natural. Não leia ele o trabalho.

Conjugação do verbo ler no imperativo negativo: não leias (tu), não leia (você), não leiamos (nós), não leiais (vós), não leiam (vocês).


Conjugação do verbo Ler

O verbo ler é um verbo irregular que pertence à 2.ª conjugação. Vejamos sua conjugação em todos os modos e tempos estudados acima:

Presente do indicativo: (eu) leio, (tu) lês, (ele) lê, (nós) lemos, (vós) ledes, (eles) leem.

Pretérito perfeito: (eu) li, (tu) leste, (ele) leu, (nós) lemos, (vós) lestes, (eles) leram.

Pretérito imperfeito do indicativo: (eu) lia, (tu) lias, (ele) lia, (nós) líamos, (vós) líeis, (eles) liam.

Pretérito mais-que-perfeito: (eu) lera, (tu) leras, (ele) lera, (nós) lêramos, (vós) lêreis, (eles) leram.

Futuro do presente: (eu) lerei, (tu) lerás, (ele) lerá, (nós) leremos, (vós) lereis, (eles) lerão.

Futuro do pretérito: (eu) leria, (tu) lerias, (ele) leria, (nós) leríamos, (vós) leríeis, (eles) leriam.

Presente do subjuntivo: (que eu) leia, (que tu) leias, (que ele) leia, (que nós) leiamos, (que vós) leiais, (que eles) leiam.

Pretérito imperfeito do subjuntivo: (se eu) lesse, (se tu) lesses, (se ele) lesse, (se nós) lêssemos, (se vós) lêsseis, (se eles) lessem.

Futuro do subjuntivo: (quando eu) ler, (quando tu) leres, (quando ele) ler, (quando nós) lermos, (quando vós) lerdes, (quando eles) lerem.

Imperativo afirmativo: lê (tu), leia (você), leiamos (nós), lede (vós), leiam (vocês).

Imperativo negativo: não leias (tu), não leia (você), não leiamos (nós), não leiais (vós), não leiam (vocês).

Observe que nos imperativos afirmativo e negativo a 1.ª pessoa do singular (eu) não é conjugada, uma vez que não damos ordens a nós próprios.

 

Tempos Simples e Compostos

Os tempos simples e os tempos compostos são a forma como os verbos exprimem ação, estado, mudança de estado ou fenômeno da natureza.

Se são expressos por apenas um verbo são tempos simples, mas se são expressos por uma combinação de verbos são tempos compostos.

Exemplos:

Lerei o livro até que o sono chegue. (tempo simples)

Teria lido o livro, mas o sono chegou. (tempo composto)

 

11. PONTUAÇÃO

Sinais de Pontuação são sinais gráficos que contribuem para a coerência e a coesão de textos, bem como têm a função de desempenhar questões de ordem estilística.

São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ) e o travessão (—).

 

Ponto (.)

O ponto, ou ponto final, é utilizado para terminar a ideia ou discurso e indicar o final de um período. O ponto é, ainda, utilizado nas abreviações.

 Exemplos do uso de ponto final:

Acordei e logo pensei nela e na discussão que tivemos. Depois, saí para trabalhar e resolvi ligar e pedir perdão.

O filme recebeu várias indicações para o Oscar.

Esse acontecimento remonta ao ano 300 a.C., segundo afirmam os nossos historiadores.

Sr. João, lamentamos informar que o seu voo foi cancelado.

 

Vírgula (,)

A vírgula indica uma pausa no discurso. Sua utilização é tão importante que pode mudar o significado quando não utilizada ou utilizada de modo incorreto. A vírgula também serve para separar termos com a mesma função sintática, bem como para separar o aposto e o vocativo.

 Exemplos do uso de vírgula:

Vou precisar de farinha, ovos, leite e açúcar.

Rose Maria, apresentadora do programa da manhã, falou sobre as receitas vegetarianas. (aposto)

Desta maneira, Maria, não posso mais acreditar em você. (vocativo)

 

Ponto e Vírgula (;)

O ponto e vírgula serve para separar várias orações dentro de uma mesma frase e para separar uma relação de elementos.

É um sinal que muitas vezes gera confusão nos leitores, já que ora representa uma pausa mais longa que a vírgula e ora mais breve que o ponto.

Exemplos do uso de ponto e vírgula:

Os empregados, que ganham pouco, reclamam; os patrões, que não lucram, reclamam igualmente.

Joaquim celebrou seu aniversário na praia; não gosta do frio e nem das montanhas.

Os conteúdos da prova são: Geografia; História; Português.


Dois Pontos (:)

Esse sinal gráfico é utilizado antes de uma explicação, para introduzir uma fala ou para iniciar uma enumeração.

Exemplos do uso de dois pontos:

Na matemática, as quatro operações essenciais são: adição, subtração, multiplicação e divisão.

Joana explicou: — Não devemos pisar na grama do parque.

Descobri onde estava o livro: na mochila.

 

Ponto de Exclamação (!)

O ponto de exclamação é utilizado para exclamar. Assim, é colocado em frases que denotam sentimentos como surpresa, desejo, susto, ordem, entusiasmo, espanto.

Exemplos do uso de ponto de exclamação:

Que horror!

Ganhei!

Quieto!

 

Ponto de Interrogação (?)

O ponto de interrogação é utilizado para interrogar, perguntar. Utiliza-se no final das frases interrogativas diretas.

Exemplos do uso de ponto de interrogação:

Quer ir ao cinema comigo?

Será que eles preferem jornais ou revistas?

Entendeu?

 

Reticências (...)

As reticências servem para suprimir palavras, textos ou até mesmo indicar que o sentido vai muito mais além do que está expresso na frase.

 

Exemplos do uso de reticências:

Ana gosta de comprar sapatos, bolsas, calças…

Não sei… Preciso pensar no assunto.

"A vida é uma tempestade (...) Um dia você está tomando sol e no dia seguinte o mar te lança contra as rochas." (O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas)

 

Aspas (" ")

É utilizado para enfatizar palavras ou expressões, bem como é usada para delimitar citações de obras.

Exemplos do uso de aspas:

Satisfeito com o resultado do vestibular, se sentia "o bom”.

Brás Cubas dedica suas memórias a um verme: "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas."

É simplesmente "inacreditável" o que aconteceu.

 

Parênteses ( ( ) )

Os parênteses são utilizados para isolar explicações ou acrescentar informação acessória.

Exemplos do uso de parênteses:

O funcionário (o mais mal-humorado que já vi) fez a troca dos artigos.

Cheguei à casa cansada, jantei (um sanduíche e um suco) e adormeci no sofá.

Saiu às pressas (como sempre) e esqueceu o lanche na cozinha.


Travessão (—)

O Travessão é utilizado no início de frases diretas para indicar os diálogos do texto bem como para substituir os parênteses ou dupla vírgula.

 Exemplos:

Muito descontrolada, Paula gritou com o marido: — Por favor, não faça isso agora, pois teremos problemas mais tarde.

Perguntei: — Onde é o ponto de ônibus?

Maria - funcionária da prefeitura - aconselhou-me que fizesse assim.

 

PRATICANDO

1. O texto abaixo precisa de pontuação. Pontue-o adequadamente.

Acordei às oito e pouco da manhã atrasada como sempre e peguei o ônibus para a escola com as minhas amigas Ana Maria e Bia

A Ana que gosta de ir à janela pediu para a Maria trocar de lugar com ela a Maria que estava cheia de calor disse que preferia ficar onde estava ambas ficaram chateadas logo cedo

Li um cartaz que anunciava Feira de Livros Usados Vamos Mas ninguém me deu resposta, nem sequer a Bia Que começo de dia

Na escola aulas e apresentações de trabalhos Sim, não lembrava que a professora devolveria as provas corrigidas

Ninguém sai da sala até que eu termine de dizer o resultado de todos

Quando chegou a minha vez

Estou decepcionada

E entregando o meu teste completou Teve o melhor resultado da turma

 

RESPOSTA

“Acordei às oito e pouco da manhã (atrasada como sempre) e peguei o ônibus para a escola com as minhas amigas: Ana, Maria e Bia.

A Ana - que gosta de ir à janela - pediu para a Maria trocar de lugar com ela; a Maria - que estava cheia de calor - disse que preferia ficar onde estava; ambas ficaram chateadas logo cedo.

Li um cartaz que anunciava: Feira de Livros Usados. - Vamos? Mas, ninguém me deu resposta; nem sequer a Bia. Que começo de dia!

 

Na escola, aulas e apresentações de trabalhos... Sim, não lembrava que a professora devolveria as provas corrigidas.

— Ninguém sai da sala até que eu termine de dizer o resultado de todos.

Quando chegou a minha vez:

— Estou decepcionada.

E entregando o meu teste completou: — Teve o melhor resultado da turma.”

 

2. Em cada uma das frases abaixo há um sinal de pontuação incorreto. Corrija.

 

a) Vou comprar agora mesmo: protetor solar; água e fruta.

b) Preciso saber se você vai almoçar antes de sair?

c) Que susto;

d) Maria, você vem com a gente amanhã!

e) Como dizia a minha avó: mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

 

RESPOSTAS

a) Vou comprar agora mesmo: protetor solar, água e fruta.

b) Preciso saber se você vai almoçar antes de sair.

c) Que susto!

d) Maria, você vem com a gente amanhã?

e) Como dizia a minha avó: "mais vale um pássaro na mão do que dois voando".

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12. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS

A estrutura das palavras está relacionada aos elementos que compõem os vocábulos.

Ela abrange o estudo de diversos elementos mórficos (morfemas): raiz, radical, tema, afixos (prefixos, sufixos), desinências, vogal temática, vogal e consoante de ligação.

Lembre-se que os morfemas são as menores unidades de elementos que formam as palavras.

Vejamos abaixo as definição e exemplos de cada um deles:

 

Raiz

A raiz  é o principal elemento de origem da palavra, ou seja, sua parte básica.

Ela abriga a significação do termo e pode sofrer alterações. As palavras que possuem a mesma família etimológica contém a mesma raiz, por exemplo.

carr- raiz nominal de carro / carreata / carroça

noc- raiz nominal de nocivo


Radical

O radical é o elemento base que serve de significado à palavra e que inclui a raiz. Ele não sofre alterações, ou seja, permanece igual sempre, por exemplo:

Ferro e ferrugem

Floricultura e florista

 

Tema

O tema da palavra é um elemento formado pelo radical + a vogal temática. Por exemplo:

Estud-a

Romp-e

Part-i

 

Afixos

Os afixos são elementos complementares das palavras que se juntam a um radical e formam novas palavras.

São classificados em prefixos (aparecem antes do radical) e sufixos (aparecem depois do radical).

Exemplos:

Prefixo: in/feliz

Sufixo: feliz/ardo

 

Desinências

As desinências são morfemas acrescidos no final dos vocábulos e que indicam as flexões da palavra. Elas são classificadas:

Desinências verbais: indicam as flexões de número, pessoa, modo e tempo dos verbos.

Desinências nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes.

Exemplos:

Desinência Nominal: menina - meninas (desinência nominal de número); garoto - garota (desinências nominais de gênero)

Desinência Verbal: eu como (desinência número pessoal do verbo "comer" que indica a 1.ª pessoa do singular do presente do indicativo).

 

Vogal Temática

A vogal temática é a vogal que se junta ao radical da palavra. Nos verbos temos três tipos de vogais temáticas segundo as conjugações verbais.

Assim, a vogal temática dos verbos da 1ª conjugação é o “a”. Os da 2ª conjugação é o “e”. E, os da 3ª conjugação é o “i”.

Exemplos:

Verbo amar (1ª conjugação)

Verbo vender (2ª conjugação)

Verbo PÔR e seus derivados (2a conjugação), porque antes era POER.

Verbo sorrir (3ª conjugação)

 

Vogal de Ligação

As vogais de ligação são elementos incluídos nas palavras para facilitar a pronúncia. Por exemplo: maresia e bananeira.

 

Consoante de Ligação

Da mesma maneira, as consoantes de ligação são elementos incluídos aos vocábulos que auxiliam na pronúncia. Por exemplo: cafeteira e chaleira.

 

PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

As palavras que compõem o léxico da língua são formadas principalmente por dois processos morfológicos: composição (justaposição e aglutinação) e derivação (prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética, regressiva e imprópria).

 

COMPOSIÇÃO

Na composição, a formação de uma nova palavra ocorre a partir da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais. Formam-se assim palavras compostas com significação própria.

Composição por aglutinação

Quando há alteração das palavras formadoras. Ocorre a fusão de duas ou mais palavras simples ou radicais, havendo perda de fonemas. Os elementos formadores perdem, assim, a sua identidade ortográfica e fonológica.

aguardente (água + ardente);

embora (em + boa + hora);

planalto (plano + alto);

planície (plano + superfície)

vinagre (vinho + acre).

 

Composição por justaposição

Ocorre composição por justaposição quando não há alteração das palavras formadoras. Ocorre apenas a junção de duas ou mais palavras simples ou radicais, que mantêm a mesma ortografia e a mesma acentuação que apresentavam antes do processo de composição. A maior parte das palavras compostas por justaposição estão ligadas com um hífen. Contudo, é possível a escrita de palavras compostas por justaposição sem hífen ou apenas escritas juntas.

arco-íris;

beija-flor;

guarda-chuva;

segunda-feira;

chapéu de chuva;

fim de semana;

girassol;

paraquedas;

passatempo;

pontapé.

 

PALAVRAS PRIMITIVAS E DERIVADAS

Antes de mais nada, vale ressaltar dois conceitos importantes para o estudo de formação das palavras.

Os vocábulos “primitivos” são as palavras que originam outras. Já as palavras “derivadas” são aquelas que surgem a partir das palavras primitivas.

Exemplos:

dente (primitiva) e dentista (derivada)

mar (primitiva) e marítimo (derivada)

sol (primitiva) e solar (derivada)

 

Afixos

Além do conceito de palavras primitivas e derivadas, temos os afixos. Eles são morfemas, ou seja, menores partículas significativas da língua.

Juntos a um radical, os afixos formam uma nova palavra: pedra (palavra primitiva) e pedreira (palavra derivada). Nesse exemplo, foi acrescentado o sufixo -eira.

Os afixos são classificados de acordo com sua localização na palavra. Assim, os sufixos vem depois do radical: folhagem e livraria.

Já os prefixos são acrescentados antes do radical: desleal e ilegal.

 

PROCESSOS DE DERIVAÇÃO

Os processos de derivação de palavras ocorrem de cinco maneiras, sempre com um radical e os afixos (sufixos e prefixos):

 Derivação Prefixal (Prefixação): inclusão de prefixo à palavra primitiva: infeliz, antebraço, refazer, etc.

Derivação Sufixal (Sufixação): inclusão de sufixo à palavra primitiva: felicidade, beleza, estudante, etc.

Derivação prefixal e sufixal (prefixação e sufixação): inclusão de prefixo e sufixo ao mesmo tempo. Nesse caso, podemos tirar um dos afixos e a palavra continua existindo: desLEALdade, inFELIZmente...

Derivação Parassintética (Parassíntese): inclusão de um prefixo e sufixo à palavra primitiva, de forma simultânea. Diferente da prefixação e sufixação, nesse processo nenhum dos afixos pode ser retirado, pois comprometeria a palavra, que deixaria de existir: entardecer, emagrecer, engaiolar, empacotado etc.

OBS: A parassíntesse é, essencialmente, um processo formador de verbos. Alguns especialistas consideram a derivação prefixal e sufixal um caso de parassíntese.

Derivação Regressiva: redução da palavra derivada por meio da retirada de uma parte da palavra primitiva, por exemplo: beijar/beijo, debater/debate, perder-perda, dançar / dança etc.

Derivação Imprópria: não há acréscimo nem diminuição; ocorre apenas a mudança de classe gramatical da palavra: O jantar estava muito bom (substantivo); Fui jantar ontem à noite com Luís. (verbo).

 

ESTRANGEIRISMOS

A presença de  ESTRANGEIRISMOS em um idioma é um fenômeno normal, mas também pode se tornar um VICIO DE LINGUAGEM sempre que corresponde a utilização de palavras estrangeiras desnecessárias, quando já existe palavra em português para o que se pretende nomear.

Algumas vezes, esses termos são incorporados ao léxico do idioma (dicionários), dependendo de sua utilização pelos falantes da língua.

Para muitos estudiosos da área, o uso demasiado de palavras estrangeiras causa um problema de descaracterização da língua, enquanto outros acreditam que esse processo é natural, uma vez que língua está o tempo todo se modificando.

O LATIM deu origem a nove línguas, entre elas a nossa. Então existem palavras de origem comum nessas línguas. Ocorre que ao longo do tempo cada uma dessas línguas originadas do latim se firmaram como um novo idioma, recebendo influências de outro idiomas. Nesse caso, mesmo entre essas línguas, temos ESTRANGEIRISMOS. O LATIM é apenas a base de todas elas.

A inclusão de palavras estrangeiras no vocabulário pode ocorrer por motivos históricos, sociais, políticos, econômicos, culturais, dentre outros.

Um exemplo disso, é a expansão da tecnologia, o que levou ao surgimento de diversos novos termos no vocabulário da língua portuguesa, sobretudo, provenientes da língua inglesa.

A língua portuguesa conta com um grande número de palavras estrangeiras, sobretudo, de origem inglesa (denominada “anglicismo”). Isso porque a língua inglesa é muito influente, sendo considerada a língua mundial dos negócios.

Importante lembrar que muitos dos vocábulos da língua portuguesa são de origem latina, grega, africana, árabe, espanhola, italiana, francesa ou inglesa.

Palavras como hot-dog (cachorro quente), show (espetáculo), bacon (toucinho), mouse (do computador) são palavras estrangeiras em que não ocorreu o "aportuguesamento".

Entretanto, há termos em que o processo de aportuguesamento é notório, ou seja, a adaptação das palavras para o português.

 

EXEMPLOS

futebol (do inglês football)

basquetebol (do inglês basketball)

abajur (do francês abat-jour)

sutiã (do francês sutien)

batom (do francês bâton)

bege (do francês beige)

bife (do inglês beef)

esporte (do inglês sport)

 

O “Samba do Approach”, dos compositores Zeca Pagodinho e Zeca Baleiro, é um exemplo da presença do estrangeirismo na nossa língua.

A canção está repleta de palavras da língua inglesa (anglicismo) e algumas da língua francesa (galicismo):

 

Venha provar meu brunch

Saiba que eu tenho approach

Na hora do lunch

Eu ando de ferryboat...

 

Eu tenho savoir-faire

Meu temperamento é light

Minha casa é hi-tech

Toda hora rola um insight

Já fui fã do Jethro Tull

Hoje me amarro no Slash

Minha vida agora é cool

Meu passado é que foi trash...

Fica ligado no link

Que eu vou confessar my love

Depois do décimo drink

Só um bom e velho engov

Eu tirei o meu green card

E fui prá Miami Beach

Posso não ser pop-star

Mas já sou um noveau-riche...

 

Eu tenho sex-appeal

Saca só meu background

Veloz como Damon Hill

Tenaz como Fittipaldi

Não dispenso um happy end

Quero jogar no dream team

De dia um macho man

E de noite, drag queen...

 

Glossário

Segue abaixo um glossário das palavras estrangeiras utilizadas na composição "Samba do Approuch":

Brunch: café da manhã reforçado

Approach: aproximação, abordagem

Lunch: almoço

Ferryboat: balsa, barco de passagem

Savoir-Faire: do francês "saber fazer", habilidade, esperteza

Light: tradução é luz, entretanto, na música está utilizada no sentido conotativo: suave

Hi-tech: alta tecnologia

Insight: esclarecimento

Cool: legal, divertido

Trash: coisa sem valor, lixo, escória

Link: endereço eletrônico

My Love: meu amor

Drink: bebida

Green Card: passaporte americano

Miami Beach: Praia de Miami

Pop Star: pessoa famosa

Noveau Riche: em francês “novo rico”

Sex-appeal: atraente, do ponto de vista sexual

Background: fundo, fundamento

Happy End: final feliz

Dream Team: seleção americana de basquete

Man: homem

Drag Queen: resumidamente:  homem que se veste de mulher.

 

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OUTROS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS

HIBRIDISMO

As palavras são formados com elementos (radicais) de idiomas diferentes.

“sociologia” (do latim “sócio” e do grego “logia”);

monóculo (grego mono + latim oculus)

automóvel (auto= grego, móvel= latim)

televisão (tele= grego, visão=latim).


REDUÇÃO / ABREVIAÇÃO

Na abreviação é apenas utilizada parte da palavra, em vez de ser utilizada a palavra na sua totalidade. Essa parte de palavra passa a existir como uma palavra autônoma. Neste tipo de formação de palavras estão incluídas formas reduzidas das palavras, como vídeo (de videocassete) e também as siglas, formadas pelas letras iniciais de um nome composto por duas ou mais palavras.

foto (de fotografia);

moto (de motocicleta);

pneu (de pneumático);

ONU (Organização das Nações Unidas);

PUC (Pontifícia Universidade Católica);

FAB (Força Aérea Brasileira).

OBS.: Também fazem parte desse processo as REDUÇÕES POPULARES, como:

delega (delegado);

portuga (português);

comuna (comunista);

compa (companheiro);

facu (faculdade);

churras (churrasco);

cachu (cachoeira)...

 

REDUPLICAÇÃO / DUPLICAÇÃO SILÁBICA / ONOMATOPEIA

Ocorre a repetição de vogais ou consoantes na formação de uma palavra imitativa do som.

pingue-pongue

tique-taque

bombom

zum-zum

 

COMBINAÇÃO

Na combinação ocorre a formação de uma nova palavras através da junção de partes de outras palavras.

aborrecente (aborrecer + adolescente)

portunhol (português + espanhol)

showmício (show + comício)

 

INTENSIFICAÇÃO

Na intensificação ocorre a criação de uma nova palavra através do alargamento do sufixo de uma palavra existente. Ocorre maioritariamente na utilização do sufixo verbal -izar.

 

obstaculizar (em vez de obstar)

protocolizar (em vez de protocolar)

culpabilizar (em vez de culpar)

OBS.:  Os NEOLOGISMOS, já estudados em outra postagem, também caracterizam um processo de FORMAÇÃO DE PALAVRAS.


EXERCÍCIOS: COMPOSIÇÃO E DERIVAÇÃO

 

QUESTÃO 01

(UFMG) Em “O girassol da vida e o passatempo do tempo que passa não brincam nos lagos da lua”, há, respectivamente:

a – (  ) um elemento formado por aglutinação e outro por justaposição.

b – (  ) um elemento formado por justaposição e outro por aglutinação.

c – (  ) dois elementos formados por justaposição.

d – (  ) dois elementos formados por aglutinação.

 

QUESTÃO 02

(Faap-SP) “Vou-me embora para Parságada.”

Embora(em+boa+hora): processo de formação de palavras a que chamamos:

a)  Derivação prefixal

b) Derivação sufixal

c) Composição por justaposição

d) Composição por aglutinação

e) Derivação regressiva

 

QUESTÃO 03

Relacione, tendo em vista o processo de formação atribuído às palavras em questão:

(A) Composição por justaposição

(B) Composição por aglutinação

(    ) quinta-feira

(    ) couve-flor

(    ) fidalgo

(    ) planalto

(    ) passatempo

(    ) hidrelétrico

(    ) girassol

 

QUESTÃO 04

(ITA – SP) Assinale a opção que apresenta somente palavras formadas por derivação parassintética.

a) desvalorização, avistar, resfriado, reintegração, infelizmente

b) expropriar, entortar, amanhecer, desalmado, ensurdecer

c) escolarização, antiinflação, retrospectivo, comilão, corpanzil

d) desigualdade, endurecer, alfabetizar, abençoar, chuviscar

e) administração, entretela, contrabalançar, semicondutor, relembrar.

 

QUESTÃO 05

Relacione:

( A ) Derivação parassintética

( B ) Derivação regressiva

( C ) Derivação imprópria

 

(   ) O jantar está servido.

(   ) procurar = procura/ avançar = avanço / fugir = fuga

(   ) empobrecer

(   ) entardecer

(   ) O supermercado anunciou várias promoções relâmpago.

(   ) aportuguesar = português / envelhecer = velho

(   ) combater = combate/atacar=ataque/saltar=salto


GABARITO

C

D

A / A / B / B / A / B / A

B

C / B / A / A / C / B / B