terça-feira, 30 de junho de 2009

VESTIBULAR UERJ 2008

1º Exame de Qualificação 17/06/2007


Linguagens, códigos e suas tecnologias


COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 01 a 05

Há silêncios eloquentes como também palavras vãs, mas basta que sejam tocados pela emoção para que ambos, silêncio e palavra, somem a musicalidade a tudo que possuímos de mais humano. Eis por que dividimos com você o tema Humanidade e Musicalidade... porque, com notas que vão da ternura à fúria, escreve-se a partitura do mundo – uma canção que cabe apenas a nós harmonizar.

Uma mulher chamada Guitarra

Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era “a música em forma de mulher”. A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam um mot d’esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina – viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo –, o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.
(...) Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono!
E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado – contra o peito – lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casal. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranquila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.


questão 01


O título do texto de Vinicius de Moraes estabelece, indiretamente, uma relação de identidade entre dois elementos. Tal relação se torna possível pela aplicação do seguinte mecanismo:
(A) criação de valor ilógico para uma palavra
(B) vinculação de elemento inanimado a uma pessoa
(C) atribuição de característica inusitada a um objeto
(D) transformação de sentido denotativo em metafórico

questão 02


Algumas estratégias argumentativas são empregadas para persuadir o leitor de que a opinião do enunciador é, na verdade, um fato. A estratégia de persuasão presente nesse texto não inclui o uso de:
(A) imagem poética
(B) pergunta retórica
(C) interlocução direta
(D) argumento de autoridade

questão 03


“O violão é não só a música (...) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina (...), o único que representa a mulher ideal”.
Para defender o ponto de vista acima apresentado, o enunciador organiza o segundo parágrafo com base em um processo de:
(A) definição
(B) associação
(C) exemplificação
(D) contextualização

questão 04


A metáfora-base do texto se realiza, em plenitude, no terceiro parágrafo. O caráter conferido por esse parágrafo ao texto pode ser qualificado como:
(A) emotivo
(B) sensual
(C) figurativo
(D) contemplativo

Questão 05


No texto, fragmentos narrativos associam-se a sequências descritivas, originárias de um processo subjetivo de observação.
A alternativa que apresenta uma dessas sequências descritivas é:
(A) “atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade;”
(B) “E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d’amore,”
(C) “Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede ela um contrabaixo?”
(D) “só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.”


COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 06 A 09.

Qualquer canção


Qualquer canção de amor
É uma canção de amor
Não faz brotar amor
E amantes
Porém, se essa canção
Nos toca o coração
O amor brota melhor
E antes
Qualquer canção de dor
Não basta a um sofredor
Nem cerze um coração
Rasgado
Porém, inda é melhor
Sofrer em dó menor
Do que você sofrer
Calado
Qualquer canção de bem
Algum mistério tem
É o grão, é o germe, é o gen
Da chama
E essa canção também
Corrói como convém
O coração de quem
Não ama

questão 06


A coerência é determinada, entre outros fatores, por elementos que contribuam para a progressão do texto.
Na letra da canção de Chico Buarque, a coerência do texto decorre da utilização dos seguintes recursos:
(A) marcação rítmica, repetição vocabular, paralelismo sintático
(B) marcação rítmica, repetição vocabular, multiplicidade temática
(C) repetição vocabular, paralelismo sintático, multiplicidade temática
(D) marcação rítmica, paralelismo sintático, multiplicidade temática

questão 07


A pluralidade de sentidos, característica da linguagem poética, pode ser obtida por meio de vários mecanismos, como, por exemplo, a elipse de termos.
Esse mecanismo está presente, de modo mais marcante, no seguinte verso:
(A) “E amantes” (v. 4)
(B) “E antes” (v. 8)
(C) “Rasgado” (v. 12)
(D) “Calado” (v. 16)

questão 08



Diferentes relações lógicas são estabelecidas entre as orações que compõem as estrofes do texto.
Na segunda estrofe, essas relações expressam as idéias de:
(A) adição, contraposição e comparação
(B) negação, anterioridade e adversidade
(C) finalidade, contrariedade e consecução
(D) proporcionalidade, intensidade e conclusão


questão 09



Na última estrofe do texto, o mistério a que se refere o eu lírico indica uma construção paradoxal.
Os elementos que compõem esse paradoxo são:
(A) início e fim
(B) alegria e dor
(C) música e silêncio
(D) criação e destruição




COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 10 A 13.


O segundo verso da canção / Affonso Romano de SANT’ANNA


Passar cinquenta anos sem poder falar sua língua com alguém é um exílio agudo dentro do silêncio. Pois há cinqüenta anos, Jensen, um dinamarquês, vivia ali nos pampas argentinos. Ali chegara bem jovem, e desde então nunca mais teve com quem falar dinamarquês. Claro que, no princípio, lhe mandavam revistas e jornais. Mas ninguém manda com assiduidade revistas e jornais para alguém durante cinquenta anos. Por causa disto, ali estava Jensen há inúmeros anos lendo e relendo o som silencioso e antigo de sua pátria. E como as folhas não falavam, punha-se a ler em voz alta, fingindo ouvir na própria voz a voz do outro, como se um bebê pudesse em solidão cantar para inventar a voz materna.
Cinquenta anos olhando as planuras dos pampas, acostumado já às carnes generosas dos churrascos conversados em espanhol (...). Um dia, um viajante de carro parou naquele lugarejo. Seu carro precisava de outros reparos além da gasolina. Conversa-vai-conversa-vem, no posto ficam sabendo que seu nome também era Jensen. Não só Jensen, mas um dinamarquês. E alguém lhe diz: aqui também temos um dinamarquês que se chama Jensen e aquele é o seu filho. O filho se aproxima e logo se interessa para levar o novo Jensen dinamarquês ao velho Jensen dinamarquês – pois não é todos os dias que dois dinamarqueses chamados Jensen se encontram nos pampas argentinos.
(...) Quando Jensen entrou na casa de Jensen e disse “bom dia” em dinamarquês, o rosto do outro Jensen saiu da neblina e ondulou alegrias. “É um compatriota!” E a uma palavra seguiram outras, todas em dinamarquês, e as frases corriam em dinamarquês, e o riso dinamarquês e a camaradagem dinamarquesa, tudo era um ritual desenterrando ao som da língua a sonoridade mítica da alma viking.
(...) Em poucas horas, povoou sua mente de nomes de artistas, rostos de vizinhos, parques e canções. Tudo ia se descongelando no tempo ao som daquela língua familiar. Mas havia um problema exatamente neste tópico das canções. Por isto, terminada a festa, depois dos vinhos e piadas, quando vem à alma a exilada vontade de cantar, Jensen chama Jensen num canto, como se fosse revelar algo grave e inadiável:
– Há cerca de cinqüenta anos que estou tentando cantar uma canção e não consigo. Falta-me o segundo verso. Por favor (disse como se pedisse seu mais agudo socorro, como se implorasse: retira-me da borda do abismo), por favor, como era mesmo o segundo verso desta canção? Sem o segundo verso nenhuma canção ou vida se completa. Sem o segundo verso a vida de um homem, dentro e fora dos pampas, é como uma escada onde falta um degrau, e o homem para. É um piano onde falta uma tecla. É uma boca de incompleta dentição. Se falta o segundo verso, é como se na linha de montagem faltasse uma peça e não houvesse produção. De repente, é como se faltasse ao engenheiro a pedra fundamental e se inviabilizasse toda a construção. Isto sabe muito bem quem andou cinquenta anos na ausência desse verso para cantar a canção.
Jensen olhou Jensen e disse pausadamente o segundo verso faltante. E ao ouvi-lo, Jensen – o exilado – cantou de volta o poema inteiro preenchendo sonoramente cinquenta anos de solidão. Ao terminar, assentou-se num canto e batia os punhos sobre o joelho dizendo: “Que alegria! Que alegria!” Era agora um homem inteiro. Tinha, enfim, nos lábios toda a canção.




questão 10



“E como as folhas não falavam, punha-se a ler em voz alta, fingindo ouvir na própria voz a voz do outro”.
As emoções do velho Jensen, reavivadas pela sonoridade da língua dinamarquesa, revelam a preservação de um caráter de pertencimento que pode ser traduzido como:
(A) herança materna
(B) identidade cultural
(C) memória coletiva
(D) compromisso social


questão 11



Ao longo do texto, é a língua materna que mantém o velho Jensen próximo a sua terra natal. O elemento que, concretamente, sintetiza essa aproximação é:
(A) o som silencioso da pátria
(B) o exílio agudo da memória
(C) o verso esquecido da canção
(D) a sonoridade mítica da infância


questão 12



O processo de personificação é um recurso utilizado no texto para humanizar a narrativa e cativar o leitor. Um exemplo de personificação aparece no seguinte fragmento:
(A) “Passar cinquenta anos sem poder falar sua língua com alguém é um exílio agudo dentro do silêncio.”
(B) “E como as folhas não falavam, punha-se a ler em voz alta, fingindo ouvir na própria voz a voz do outro.”
(C) “Cinqüenta anos olhando as planuras dos pampas, acostumado já às carnes generosas dos churrascos conversados em espanhol”.
(D) “Era agora um homem inteiro. Tinha, enfim, nos lábios toda a canção.”


questão 13



Até a chegada aos pampas de um novo viajante dinamarquês, a narrativa é marcada pelo distanciamento e pela solidão.
O recurso utilizado para indicar que tal realidade estava prestes a ser superada é:
(A) o foco da narrativa
(B) o tempo dos verbos
(C) a construção de diálogos
(D) o nome dos personagens




COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA À QUESTÃO DE NÚMERO 14.

Com base nos textos anteriores , responda À questão de número 15.
In: GOMBRICH, E. H. A história da arte.Rio de Janeiro: LTC, 1999.







questão 14



Os significados das imagens estão relacionados com o tratamento dado aos elementos que as compõem.
Na pintura de Chagall, o tratamento conferido aos elementos situados em primeiro plano homem e animal – gera, pela comparação, o seguinte sentido:
(A) a música é realidade para os homens, mas não para os animais
(B) os homens, tanto quanto os animais, podem ser feitos de música
(C) os músicos, ao contrário dos animais, podem-se transformar em música
(D) a música pode ser a essência dos músicos, sejam eles humanos ou não


questão 15



Embora tão diferentes, produzidos em épocas e contextos tão diversos, os textos desta prova aproximam-se na medida em que estabelecem um vínculo entre música e:
(A) vida
(B) criação
(C) verdade
(D) espiritualidade






VESTIBULAR UERJ 2008



II EXAME DE QUALIFICAÇAO


COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 01 a 05.


Vivemos em espaços... vivemos os espaços. Refletir sobre a necessidade de preservação, seja do mundo que nos cerca, seja do interior de cada um de nós, é o que desejamos ao propor, nesta prova, o tema O Homem e seus Espaços... porque, afinal, queiramos ou não, apesar das fronteiras e clausuras, nada mais humano do que a vocação para os espaços abertos e para os cenários que não se completam...


O adeus / Rubem Braga

No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante.
Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha. Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado, de frente para a janela por onde se filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”.
Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro: inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível, como um lento bailado. Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam?
Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos. Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago.
Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos. O homem fez um grande embrulho de jornal; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre acabara; alguém viera e batera à porta, e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo o recibo de uma carta registrada, e quando o telefone bateu foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isso num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo não os via assim, em plena luz), um olhar de apelo e de tristeza onde entretanto ainda havia uma inútil, resignada esperança.

questão 01

O título do texto de Rubem Braga é o prenúncio de uma idéia de separação que percorre a narrativa. Essa idéia é percebida pelos personagens por meio do seguinte elemento:
(A) falta de paixão
(B) desgaste da relação
(C) invasão de espaço
(D) proximidade em excesso 

questão 02

Os tempos pretéritos utilizados no texto desempenham diferentes funções na construção do discurso narrativo. A função do tempo pretérito sublinhado nos fragmentos abaixo encontra-se corretamente definida em:
(A) “Alguém vinha e apertava a campainha;” – expressar indeterminação do agente
(B) “que horas seriam?” – mostrar simultaneidade de fatos
(C) “O homem fez um grande embrulho de jornal;” – indicar ação finalizada
(D) “alguém viera e batera à porta,” – caracterizar ausência de dúvida

questão 03


Figuras de linguagem – por meio dos mais diferentes mecanismos – ampliam o significado de palavras e expressões, conferindo novos sentidos ao texto em que são usadas. A alternativa que apresenta uma figura de linguagem construída a partir da equivalência entre um todo e uma de suas partes é:
(A) “que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho?”
(B) “Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar.”
(C) “batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro.”
(D) “Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza;”

questão 04


Na estruturação dos períodos, existem elementos que, ao se referirem a palavras e expressões já mencionadas, contribuem para a coesão textual da narrativa. Um desses elementos coesivos encontra-se adequadamente destacado no seguinte fragmento:
(A) “No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós.”
(B) “Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor,”
(C) “e ela abrira pensando que fosse eu,”
(D) “senti que ela me disse isso num instante, num olhar entretanto lento”

questão 05

O espaço exterior ao apartamento é tratado como um elemento de oposição aos amantes. Essa idéia não é percebida na seguinte passagem do texto:
(A) “Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios;”
(B) “O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.”
(C) “Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam;”
(D) “E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre acabara;”

COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 06 A 09.


Coração numeroso


Moriconi, Italo (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Carlos Drummond de Andrade

Foi no Rio.
Eu passava na Avenida quase meia-noite.
Bicos de seio batiam nos bicos de luz
estrelas inumeráveis.
Havia a promessa do mar
e bondes tilintavam,
abafando o calor
que soprava no vento
e o vento vinha de Minas.
Meus paralíticos sonhos
desgosto de viver
(a vida para mim é vontade de morrer)
faziam de mim homem-realejo
imperturbavelmente
na Galeria Cruzeiro
quente quente
e como não conhecia ninguém
a não ser o doce vento mineiro,
nenhuma vontade de beber,
eu disse: Acabemos com isso.
Mas tremia na cidade uma fascinação
casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram.
O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor.

questão 06


O título Coração numeroso expressa o vínculo final do eu lírico tanto com o Rio de Janeiro quanto com Minas Gerais. Em relação a esses lugares, o título revela a seguinte atitude do eu lírico:
(A) temer os dois
(B) valorizar a ambos
(C) preferir um ao outro
(D) abandonar um pelo outro


questão 07


O poema de Drummond pode ser dividido em duas partes em que se manifestam sentimentos de exclusão e de identificação em relação ao Rio de Janeiro. O verso que demarca a mudança de sentimento do eu lírico é:
(A) “Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas”
(B) “O mar batia em meu peito, já não batia no cais.”
(C) “A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu”
(D) “meu amor.”

questão 08


Minas Gerais é um espaço privilegiado de lembrança no poema. A relação de pertencimento que o eu lírico estabelece com tal espaço está sintetizada em:
(A) “e bondes tilintavam,”
(B) “faziam de mim homem-realejo imperturbavelmente”
(C) “voluptuosidade errante do calor”
(D) “mil presentes da vida aos homens indiferentes,”




questão 09


O discurso poético se caracteriza pelo uso de recursos que abrem ao leitor a possibilidade de múltiplas interpretações. A dupla possibilidade de leitura de uma mesma palavra é o recurso que provoca essa multiplicidade em:
(A) “Eu passava na Avenida quase meia-noite.”
(B) “Bicos de seio batiam nos bicos de luz estrelas inumeráveis.”
(C) “Meus paralíticos sonhos desgosto de viver”
(D) “na Galeria Cruzeiro quente quente”


COM BASE NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 10 A 13.

As esperanças / Augusto Frederico Schmidt

Uma esperança entrou em meu quarto. Trouxeram-me o pequeno corpo vegetal, quase imobilizado pelo medo, como se fosse um sinal de próxima vitória minha. Pedi que devolvessem a “esperança” ao seu meio, que a salvassem imediatamente. Depois, fechei os olhos e revi o mundo de esperanças que me veio acompanhando da infância até aqui: os relvados de outrora, e o reino de grilos, das “esperanças”, dos louva-a-deus. Sobre o meu peito se estendeu uma espécie de campo verde, longo, contínuo. Tive a sensação de que fora sempre uma árvore e que me percorriam pequenos corpos vegetais.
(...) Começo a brincar com a palavra esperança. “Já não é mais a hora de esperança”, digo-me eu. “Esperança em quê?” Ouço então uma voz que me diz: “Encontrarás, do outro lado da Terra, uma grande e amena extensão relvada, onde poderás dormir com a tranquilidade que nunca encontraste aqui. As ‘esperanças’ velarão pelo teu sono e pelo ritmo de todas as coisas. Quando se acaba o mundo de desesperanças, se inicia o tempo das esperanças. Não demores em dormir o teu sono final. Não insistas em ficar pensando insone.
Do outro lado há um sono, como um pálio aberto. Dorme-se quando se espera, quando há esperança; ou quando a vida se tornou idêntica à própria morte, e as ‘esperanças’ boiam nas águas estagnadas e são corpos defuntos conduzidos ao léu, ao capricho dos ventos espessos”. Mas a “esperança” que entrou no meu quarto falou-me também com insistência, em presença terrestre, em vitória neste mundo, em recuperação floral, em sol, em leite, em campo, em olhos, em mel, em estradas, em encontros julgados já impossíveis e que inesperadamente se realizam, quando tudo convidava a desesperar.
Meu Deus - a “esperança” me chamou a atenção para o mundo terrestre, mas não para o reino em que vivi até agora e onde acabei apenas existindo, vergado pelo tédio, pelo “já visto”, pelo desgosto de mim mesmo e dos outros. A “esperança” trouxe-me a imagem de dias verdes e leves, das coisas tocadas pela poesia. O olhar de sono depois das vindimas; as mãos álacres e febris; o riso das malícias inocentes.
Oh! Este mundo é o mundo em que habito, mas não é mais o meu mundo. Uma pálpebra longa e dolorosa começa a cerrar-se por sobre todas as coisas belas, primaveris. Através das janelas fechadas entra um fio de sol de fim de tarde. Quem bate no peito e reza no coro de vozes longas? É o vento, é a noite, é a montanha habitada pelos espíritos. A pequena “esperança” é o contrário de tudo isso. É o espírito inocente. É a pequena vida. É o sorriso. É tudo ou nada.
De quando em quando, antigamente, achávamos uma “esperança” parecida com o pedaço de uma folha de árvore. Leve, disfarçada, quieta, dissimulada. “Esse bicho é um louva-a-deus. E de parreira...” Agora veio a sombra. Mas a esperança está cantando.
Deus meu, que voz triste essa que me convida a viver!

questão 10


Para o enunciador, a falta de esperança relaciona-se à descrença no mundo: “Já não é mais a hora de esperança”, digo-me eu.
O fim dessa descrença está associado, no texto, à idéia de:
(A) fuga
(B) rebeldia
(C) otimismo
(D) contemplação

questão 11

No segundo parágrafo do texto, a narrativa traz o ponto de vista de uma outra voz, diferente da do narrador.
O objetivo da utilização desse recurso é:
(A) inspirar medo ao leitor
(B) estabelecer desequilíbrio na narrativa
(C) oferecer uma alternativa ao narrador
(D) contrariar um argumento de autoridade

questão 12


Ao longo da narrativa, cria-se um jogo entre os diferentes significados da palavra esperança.
Com esse jogo, produz-se um efeito de duplo sentido no seguinte fragmento:
(A) “Uma esperança entrou em meu quarto.”
(B) “Começo a brincar com a palavra esperança.”
(C) “‘Esperança em quê?’”
(D) “De quando em quando, antigamente, achávamos uma ‘esperança’ parecida com o pedaço de uma folha de árvore.”

questão 13


Não insistas em ficar pensando insone. Do outro lado há um sono, como um pálio aberto.
No fragmento acima, as duas sentenças, embora separadas apenas por ponto, mantêm entre si um vínculo lógico. Esse vínculo pode ser caracterizado como:
(A) final
(B) causal
(C) concessivo
(D) comparativo

COM BASE NA IMAGEM E NO TEXTO ABAIXO, RESPONDA ÀS QUESTÕES DE NÚMEROS 14 e 15.

questão 14


Os elementos não-verbais, nas histórias em quadrinhos, estão carregados de valor semântico.
A presença de linhas que unem os balões, no segundo e terceiro quadrinhos, apontando para o infinito, é indicativa da:
(A) rotação da Terra
(B) curiosidade da Lua
(C) omissão de Saturno
(D) velocidade de Vênus

questão 15


No quadrinho final, a fala do Sr. Terra se justifica pela analogia entre o personagem e o nosso planeta.
A caracterização desse personagem se relaciona com:
(A) as dúvidas dos personagens frente ao futuro
(B) a interferência dos planetas sobre a vida humana
(C) a degradação do meio ambiente inerente ao progresso
(D) as especificidades do Sistema Solar expressas nos quadrinhos


2ªFase - Exame Discursivo - 02/12/2007

Língua portuguesa / Literatura brasileira


texto I

A Lata de Lixo / Murilo MENDES

A lata de lixo, outrora sórdido caixote (salvo para os vira-latas), transformou-se hoje num elegante objeto de plástico, em geral azul, perfeita esfera. Embarcaríamos até nessa astronave!
Manuel Bandeira viu certa vez um homem fuçando uma lata de lixo num pátio. Com esse material mínimo escreveu uma poesia muito admirada também num determinado setor das universidades de Roma e de Pisa. Roma! Os palácios vermelhos de Roma! Pisa! A lâmpada de Galileu! As romanas! As pisanas!
Não é fácil ver-se o lixeiro. Trata-se de um personagem kafkiano, quase marciano. Deixa-se
a lata do lado de fora, e ele, pisando com pés de lã, invisível aos olhos mortais, discreto, obediente, esvazia a esfera azul. Só uma vez tive ocasião de encontrar um lixeiro, aqui em Roma, nas vésperas do Natal. Bateu à minha porta, subvestido (subnutrido?), sorridente, anunciando: Eu sou o lixeiro. Respondo logo, também sorridente: Bom dia. Como se chama o senhor? Não tolero ignorar os nomes daqueles com quem trato. A função adâmica1 do poeta move-o a nomear as coisas e as pessoas. Não só atribuir um nome aos que ainda não o têm, mas informar-se dos que já o têm.
De resto um homem, antes de ser lixeiro, garçom ou motorista, é uma pessoa, quero saber seu nome. Eu me chamo, e todos os outros me chamam, Murilo. Dum ponto de vista puramente eufônico2 e visual preferiria chamar-me por exemplo Goya, Velázquez ou Zurbarán.
Malandro e hipócrita sou! Bem vejo que não se trata de um ponto de vista puramente eufônico e visual, trata-se de atenção à hierarquia dos valores: mesmo contrariando Ortega y Gasset, mesmo reconhecendo o interesse dum certo lado da obra de Murilo, o lado mais realista, não o situo no plano dos outros três pintores.
Vaidade das vaidades: Tudo é vaidade, até mesmo a de querer mudar de nome para se elevar, até mesmo a de embarcar numa astronave, percorrer o cosmo que um dia próximo ou remoto, não sei, será despejado como lixo; e um mundo novo se levantará sobre latas, máquinas de plástico ou não, sobre as ruínas dos textos, as ruínas das ruínas: o novo céu, a nova terra, previstos e anunciados pelo transformador e reformador de todas as coisas visíveis e invisíveis, o Ser dialético por excelência.

questão 01

De modo geral, a crônica apresenta uma linguagem simples e despretensiosa, próxima da conversa de todo dia. Murilo Mendes, porém, elabora a sua crônica com recursos expressivos comumente associados à função estética da linguagem. Observe o trecho abaixo, no qual estão sublinhados dois desses recursos.
“Não é fácil ver-se o lixeiro. Trata-se de um personagem kafkiano, quase marciano. Deixa-se a lata do lado de fora, e ele, pisando com pés de lã, invisível aos olhos mortais, discreto, obediente, esvazia a esfera azul.”
Nomeie cada recurso e caracterize seu valor expressivo.

questão 02


Há no primeiro parágrafo expressões de variado valor conotativo referentes a um mesmo tópico. Relacione essas expressões e identifique de que modo o autor estabelece, no texto, um contraste radical entre duas delas.

questão 03


Considere a seguinte passagem: “mesmo contrariando Ortega y Gasset, mesmo reconhecendo o interesse dum certo lado da obra de Murilo, o lado mais realista, não o situo no plano dos outros três pintores.”
Classifique as orações reduzidas quanto à circunstância adverbial que expressam. Em seguida, preservando esse sentido, reescreva as orações com tempo e modo adequados, coordenando-as por meio de uma conjunção aditiva.

texto II




O bicho / Manuel BANDEIRA


Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.




questão 04


Não examinava nem cheirava:
(....)
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.


O conjunto de versos acima remete a dois conteúdos subentendidos, correspondentes a conhecimentos, crenças ou valores do senso comum.
Explicite esses dois conteúdos.






questão 05


Os textos I e II tomam como ponto de partida, respectivamente, um objeto e uma cena do cotidiano. Apesar desse ponto de partida semelhante, os dois textos desenvolvem avaliações distintas acerca da condição do homem.
Explique essa diversidade de avaliações e transcreva, de cada um dos textos, a passagem que a comprova.




texto III


Maria Cora / Machado de Assis


Uma noite, voltando para casa, trazia tanto sono que não dei corda ao relógio. Pode ser também que a vista de uma senhora que encontrei em casa do comendador T. contribuísse para aquele esquecimento; mas estas duas razões destroem-se.
Cogitação tira o sono e o sono impede a cogitação; só uma das causas devia ser verdadeira. Ponhamos que nenhuma, e fiquemos no principal, que é o relógio parado, de manhã, quando me levantei, ouvindo dez horas no relógio da casa.
Morava então (1893) em uma casa de pensão no Catete. Já por esse tempo este gênero de residência florescia no Rio de Janeiro. Aquela era pequena e tranquila. Os quatrocentos contos de réis permitiam-me casa exclusiva e própria; mas, em primeiro lugar, já eu ali residia quando os adquiri, por jogo de praça; em segundo lugar, era um solteirão de quarenta anos, tão afeito à vida de hospedaria que me seria impossível morar só. Casar não era menos impossível. Não é que me faltassem noivas. Desde os fins de 1891 mais de uma dama, – e não das menos belas, – olhou para mim com olhos brandos e amigos. Uma das filhas do comendador tratava-me com particular atenção. A nenhuma dei corda; o celibato era a minha alma, a minha vocação, o meu costume, a minha única ventura. Amaria de empreitada e por desfastio1. Uma ou duas aventuras por ano bastavam a um coração meio inclinado ao ocaso e à noite. Talvez por isso dei alguma atenção à senhora que vi em casa do comendador, na véspera. Era uma criatura morena, robusta, vinte e oito a trinta anos, vestida de escuro; entrou às dez horas, acompanhada de uma tia velha. A recepção que lhe fizeram foi mais cerimoniosa que as outras; era a primeira vez que ali ia. Eu era a terceira. Perguntei se era viúva.
– Não; é casada.
– Com quem?
– Com um estancieiro do Rio Grande.
– Chama-se?
– Ele? Fonseca, ela Maria Cora.
– O marido não veio com ela?
– Está no Rio Grande.
Não soube mais nada; mas a figura da dama interessou-me pelas graças físicas, que eram o oposto do que poderiam sonhar poetas românticos e artistas seráficos2. Conversei com ela alguns minutos, sobre cousas indiferentes, – mas suficientes para escutar-lhe a voz, que era musical, e saber que tinha opiniões republicanas. Vexou3-me confessar que não as professava de espécie alguma; declarei-me vagamente pelo futuro do país. Quando ela falava, tinha um modo de umedecer os beiços, não sei se casual, mas gracioso e picante. Creio que, vistas assim ao pé, as feições não eram tão corretas como pareciam a distância, mas eram mais suas, mais originais.




questão 06


Embora inserido, sob o ponto de vista cronológico, no período do Realismo-Naturalismo, o texto III, de Machado de Assis, não adota integralmente as técnicas e procedimentos formais característicos dessa corrente literária.
Observe as expressões destacadas no primeiro parágrafo do texto:


“Uma noite, voltando para casa, trazia tanto sono que não dei corda ao relógio. Pode ser também que a vista de uma senhora que encontrei em casa do comendador T. contribuísse para aquele esquecimento; mas estas duas razões destroem-se. Cogitação tira o sono e o sono impede a cogitação; só uma das causas devia ser verdadeira. Ponhamos que nenhuma, e fiquemos no principal, que é o relógio parado, de manhã, quando me levantei, ouvindo dez horas no relógio da casa.”


Considerando os termos destacados, identifique o recurso narrativo que afasta o fragmento acima da estética realista-naturalista. Explique também por que esse recurso não condiz com tal corrente.




questão 07


Observe as formas sublinhadas em: “Morava então (1893) em uma casa de pensão no Catete. Já por esse tempo este gênero de residência florescia no Rio de Janeiro. Aquela era pequena e tranquila.” Esse, este e aquela são formas empregadas como recursos de coesão textual.
Indique a classe gramatical a que pertencem essas palavras e justifique a escolha de cada uma no trecho de acordo com a respectiva função textual.




questão 08


O narrador atribui a Maria Cora traços que a opõem à típica heroína do Romantismo. Aponte dois desses traços – um físico e um intelectual – e justifique por que eles não são característicos do perfil feminino romântico.


texto IV


Na minha terra / Álvares de Azevedo


Amo o vento da noite sussurrante
A tremer nos pinheiros
E a cantiga do pobre caminhante
No rancho dos tropeiros;
E os monótonos sons de uma viola
No tardio verão,
E a estrada que além se desenrola
No véu da escuridão;
A restinga d’areia onde rebenta
O oceano a bramir1,
Onde a lua na praia macilenta2
Vem pálida luzir;
E a névoa e flores e o doce ar cheiroso
Do amanhecer na serra,
E o céu azul e o manto nebuloso
Do céu de minha terra;
E o longo vale de florinhas cheio
E a névoa que desceu,
Como véu de donzela em branco seio,
As estrelas do céu.




questão 09


O texto IV, de Álvares de Azevedo, evidencia o tratamento concedido à natureza pelos poetas do Romantismo.
Identifique dois traços que caracterizam esse tratamento e cite um exemplo do texto para cada um deles.


questão 10
Em "E o longo vale de florinhas cheio" temos uma forma diminutiva no plural. Este plural pode ser expresso por outras duas formas. Indique-as e caracterize a diferença entre as três de acordo com a variedade de usos da língua.