quinta-feira, 25 de março de 2021

NEOLOGISMOS

 

O  termo neologismo vem do grego e significa, literalmente,  “nova palavra”.

A língua, assim como a sociedade, tecnologia e cultura, está em constante transformação. Enquanto algumas palavras, e até idiomas, desapareceram, outras palavras surgem pela necessidade de nomear algo novo, como um conceito, processo ou objeto.

Os neologismos podem ser palavras novas criadas ou palavras já existentes que ganham outros significados. Eles também podem derivar de gírias, estrangerismos ou modismos do momento.

 

Neologismo - Manuel Bandeira

Beijo pouco, falo menos ainda.

Mas invento palavras

Que traduzem a ternura mais funda

E mais cotidiana.

Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.

Intransitivo:

Teadoro, Teodora.

 

Aos poucos, essas novas palavras são incorporadas aos dicionários ou desaparecem do cotidiano, como acontece muito com as gírias e linguagem das redes sociais - também chamada pelo neologismo internetês.

A formação de neologismos pode ocorrer pelo processo de composição, quando duas ou mais palavras se juntam para formar uma nova, ou derivação, quando o radical de uma palavra ganha afixos (prefixos, sufixos etc).

Exemplos: linkar / realismo / abobado(a)...

 

TIPOS DE NEOLOGISMO


SEMÂNTICO: palavra já existente que ganha outro novo significado.

Laranja: falso proprietário

Gato: roubo de energia

Dar zebra: dar errado

Ela ficou uma onça.

Que papelão você fez comigo!

Outros: quadrado, mico, grampo, provedor, mala, ficar, barraco, bofe...

 

LEXICAL: palavra nova criada.           

Deletar: apagar (do inglês delet)

Internetês: linguagem da internet

Clicar: pressionar um botão no computador ou celular (do inglês click)

Ele vive mandando kaô para a professora.

Ela mandou um migué para o professor.

 

SINTÁTICO: palavras criadas por composição ou derivação. A palavra inicial já existia e você acrescenta elementos para formar uma nova.

Francisco anda papalizando a igreja de uma forma inovadora.

O menino tomou uma paralepipada na cabeça.

Estamos todos quarentenando.

Outros: reinventar, transcriação, autogolpe, antimíssil, megaloja, microblusa, multimídia, não ficção, pós-Obama, pré-pago, sem-terra, petista, golaço, orelhão, natureba, repeteco, troca-troca, ufólogo, motoca, sofrência, funkeiro, rolezinho etc.

 

LITERÁRIO: novas palavras criadas por escritores ou compositores.       

nonada (uma coisa que não é importante)

circunstreza (uma tristeza circundante)

Guimarães Rosa e Ariano Suassuna  criam muitos neologismos em suas obras.

 

CIENTÍFICO OU TÉCNICO: palavras criadas para nomear invenções, equipamentos ou descobertas: smartphone, smart TV...

 

POPULAR: palavras que surgem na comunicação coloquial de uma comunidade:      apê, sextar/sextou...

 

O atual contexto histórico e a linguagem da internet geram diversos neologismos já comuns no cotidiano, principalmente dos jovens. Muitos estão ligados à política, economia e redes sociais.

Deboísmo: “filosofia” ou “religião” criada comicamente nas redes sociais que prega a tranquilidade, respeito e calma. Seu nome deriva da expressão “ficar de boa” e é representada pelo bicho-preguiça.

Militar: além de se referir às forças armadas, o termo também se refere ao ato de protestar; é um verbo derivado do adjetivo militante.

Mitar/mitou: quando uma pessoa tem alguma ação exemplar ou faz algum comentário inteligente, com muitas repercussões nas redes sociais.

Panelaço: ato de protestar batendo panelas e fazendo barulho.

Curtir/curtida: ato de gostar, geralmente, de uma publicação nas redes sociais. Outra expressão com o mesmo significado é “dar like”, do inglês “gostar”.

Tuitar: ato de publicar algo na rede social Twitter.

Googlar: pesquisar algo no site do Google.

Uberização: derivado do nome do aplicativo de transportes Uber, o termo designa uma mudança nas relações de trabalho, com trabalhos mais informais, flexíveis e por demanda, assim como no aplicativo Uber.

Gordofobia: a junção do adjetivo “gordo” e “fobia” (aversão) dá nome ao preconceito contra pessoas gordas ou obesas. Os termos transfobia, lesbofobia, bifobia e lgbtfobia seguem a mesma lógica, mas para preconceito contra pessoas transsexuais, lésbicas, bissexuais e lgbtqi+, respectivamente.

www.querobolsa.com.br

segunda-feira, 15 de março de 2021

BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

O latim era a língua oficial do antigo Império Romano e possuía duas formas: o latim clássico, que era empregado pelas pessoas cultas e pela classe dominante (poetas, filósofos, senadores, etc.), e o latim vulgar, que era a língua utilizada pelas pessoas do povo. O português originou-se do latim vulgar, que foi introduzido na península Ibérica pelos conquistadores romanos. Damos o nome de neolatinas às línguas modernas que provêm do latim vulgar. No caso da Península Ibérica, podemos citar o catalão, o castelhano e o galego-português, do qual resultou a língua portuguesa.

O domínio cultural e político dos romanos na península Ibérica impôs sua língua, que, entretanto, mesclou-se com os substratos linguísticos lá existentes, dando origem a vários dialetos, genericamente chamados romanços (do latim romanice, que significa "falar à maneira dos romanos"). Esses dialetos foram, com o tempo, modificando-se, até constituírem novas línguas. Quando os germânicos, e posteriormente os árabes, invadiram a Península, a língua sofreu algumas modificações, porém o idioma falado pelos invasores nunca conseguiu se estabelecer totalmente.

Somente no século XI, quando os cristãos expulsaram os árabes da península, o galego-português passou a ser falado e escrito na Lusitânia, onde também surgiram dialetos originados pelo contato do árabe com o latim. O galego-português, derivado do romanço, era um falar geograficamente limitado a toda a faixa ocidental da Península, correspondendo aos atuais territórios da Galiza e de Portugal. Em meados do século XIV, evidenciaram-se os falares do sul, notadamente da região de Lisboa. Assim, as diferenças entre o galego e o português começaram a se  acentuar. A consolidação de autonomia política, seguida da dilatação do império luso consagrou o português como língua oficial da nação. Enquanto isso, o galego se estabeleceu como uma língua variante do espanhol, que ainda é falada na Galícia,  situada na região norte da Espanha.

As grandes navegações, a partir do século XV d.C. ampliaram os domínios de Portugal e levaram a Língua Portuguesa às novas terras da África (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe), ilhas próximas da costa africana (Açores, Madeira), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e América (Brasil).

 

A partir do século XVI, a língua se uniformiza, adquirindo as características do português atual. A literatura renascentista portuguesa, notadamente produzida por Camões, desempenhou papel fundamental nesse processo de uniformização. Em 1536, o padre Fernão de Oliveira publicou a primeira gramática de Língua Portuguesa, a "Grammatica de Lingoagem Portuguesa". Seu estilo baseava-se no conceito clássico de gramática, entendida como "arte de falar e escrever corretamente".

 

A FORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL

A língua é um organismo vivo que se modifica ao longo do tempo. Palavras novas surgem para expressar conceitos igualmente novos; outras deixam de ser utilizadas, sendo substituídas.

Na época das grandes navegações, Portugal conquistou inúmeras colônias e o idioma português foi influenciado pelas línguas faladas nesses lugares, incorporando termos diferentes como "jangada", de origem malaia, e "chá", de origem chinesa. O período renascentista também provocou uma série de modificações na língua, que recebeu termos eruditos, especialmente aqueles relacionados à arte.

Os colonizadores portugueses, principalmente os padres jesuítas, difundiram o idioma no Brasil. No entanto, diversas palavras indígenas foram incorporadas ao português e, posteriormente, expressões utilizadas pelos escravizados africanos e imigrantes também foram adotadas. Assim, o idioma português  foi se juntando à família linguística tupi-guarani, em especial o Tupinambá, um dos dialetos Tupi. Os índios, subjugados ou aculturados, ensinaram o dialeto aos europeus que, mais tarde, passaram a se comunicar nessa "língua geral", o Tupinambá. Em 1694, a língua geral reinava na então colônia portuguesa, com características de língua literária, pois os missionários traduziam peças sacras, orações e hinos, na catequese.

Com a chegada do idioma iorubá (Nigéria) e do quimbundo (Angola), por meio dos escravos trazidos da África, e com novos colonizadores, a Corte Portuguesa quis garantir uma maior presença política. Uma das primeiras medidas que adotou, então, foi obrigar o ensino da Língua Portuguesa aos índios.

Desde o século XVI, época da formação do Português moderno, o português falado em Portugal manteve-se mais impermeável às contribuições linguísticas externas. Já o Brasil, em decorrência do processo de formação de sua nacionalidade, esteve mais aberto às contribuições linguísticas de outros povos.

Ainda hoje o português é constantemente influenciado por outras línguas. É comum surgirem novos termos para denominar as novas tecnologias do mundo moderno, além de palavras técnicas em inglês e em outros idiomas que se aplicam às descobertas da medicina e da ciência. Assim, o contato com línguas estrangeiras faz com que se incorporem ao idioma outros vocábulos, em sua forma original ou aportuguesados.

Atualmente, existem muitas diferenças entre o português que falamos no Brasil e o que se fala em Portugal. Tais diferenças não se limitam apenas à pronúncia das palavras, facilmente notabilizada na linguagem oral. Existem também diferenças de vocabulário (só para citar um exemplo, no Brasil dizemos "trem", em Portugal se diz "comboio") e de construção gramatical (enquanto no Brasil se utiliza uma construção como "estou estudando", em Portugal prefere-se a forma "estou a estudar").

 

www.soportugues.com.br

 

 

 

quinta-feira, 4 de março de 2021

VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

 

UNIDADE E VARIEDADE DA  LÍNGUA

 

A nossa LÍNGUA PORTUGUESA apresenta variações de acordo com as diversas circunstâncias em que é falada, de acordo com diversos fatores.

 

Fatores geográficos – O Brasil é um país gigantesco e todos falamos uma única língua oficial, o português, que sofre variações de acordo com as regiões onde é falada. São as variantes regionais, os falares. Assim, embora a língua seja a mesma em todo o território, o paulista, o mineiro, o carioca, o baiano, isso para citar alguns exemplos, apresentam sotaques diferenciados na hora de falar.

 

Fatores sociais – O português falado pelas classes dominantes difere do português falado pelas classes populares. Assim, a elite domina uma forma de expressão lingüística que  é prestigiada, enquanto outras são vítimas de preconceitos por empregarem uma forma de expressão  linguística menos privilegiada. Assim sendo, distinguimos de imediato duas modalidades diferentes da língua: a norma culta e a linguagem coloquial. Concluímos, portanto, que o idioma é um instrumento de dominação e discriminação social. Dessa forma, o conhecimento da norma culta torna-se necessário como forma de ascensão profissional e social.

Determinados grupos sociais elegem certas formas de expressão visando o entendimento exclusivo dos seus membros. Trata-se de uma forma restrita (e de curta duração) de comunicação, a gíria, variante linguística sujeita a contínuas transformações, muitas vezes assimiladas pela linguagem coloquial.

A norma culta é o registro formal da língua, seguindo com rigidez os padrões gramaticais e apresentando um vocabulário bastante culto.

A linguagem coloquial, por sua vez, é a variante popular, desprovida de maior rigor gramatical, mais espontânea e relaxada.

 

Fatores profissionais – O exercício de certas atividades requer o domínio de formas peculiares de expressão, ou seja, termos específicos de uso restrito ao intercâmbio profissional de engenheiros, médicos, jornalistas, professores, etc. Trata-se da chamada língua técnica ou jargão.

 

Fatores situacionais – Em diferentes situações de comunicação, um mesmo indivíduo se expressa de diferentes maneiras, adequando seu vocabulário ao contexto linguístico. Por exemplo: num ambiente familiar, nossa linguagem é relaxada, despreocupada, ao passo em que numa situação formal, como num discurso de formatura, nossa linguagem é mais apurada, pois há uma preocupação com as regras gramaticais.

 

Gramática

Dentro da diversidade das línguas ou falares  regionais se sobrepõe um uso comum a toda o território, fixado pela gramática normativa, que tem por objetivo  fixar normas para o uso da língua, criando os conceitos de certo e de errado.

Posicionando-se sobre os conceitos de certo e errado, declara o professor e gramático Celso Cunha: “Correto é aquilo que o grupo social a que pertencemos espera de nosso comportamento verbal.”

 

Linguística

É a ciência que estuda a linguagem verbal humana com base em observações e teorias que possibilitam a compreensão da evolução das línguas e desdobramentos dos diferentes idiomas. Ela é responsável também pelo estudo da estrutura das palavras, expressões e aspectos fonéticos de cada idioma.

Diferente da GRAMÁTICA, a LINGUÍSTICA não trabalha com os conceitos de CERTO e ERRADO, e sim com ADEQUADO e INADEQUADO, levando em conta o contexto social do falante.