sábado, 25 de fevereiro de 2023

CONCURSO CORPO DE BOMBEIROS RJ 2023 - LÍNGUA PORTUGUESA - PARTE 1

Se você vai fazer o concurso para o CORPO DE BOMBEIROS RJ 2023 e está sem grana para pagar um cursinho, estou disponibilizando pra você TODO O CONTEÚDO DE LÍNGUA PORTUGUESA  previsto no edital, organizado por tópicos. Além de ler o conteúdo, recomendo muito que você busque aulas gravadas sobre cada tópico. Existem muitas no YouTube, criadas por excelentes professoras e professores. Todas gratuitas. Além disso, busque provas de concursos anteriores dos Bombeiros e questões sobre cada tópico. Isso ajuda muito. Boa sorte! Em breve disponibilizo a sequência dos conteúdos. 


 1.LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS; COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO

Interpretação de textos é entender o sentido do que está escrito, em vez de apenas saber o que está escrito.

Interpretação de textos nada mais é que conseguir entender o que está escrito em um texto não só a partir da alfabetização, mas de maneira crítica, pensando e refletindo com base nas informações absorvidas.

Ou seja, é muito mais que compreender o significado do que está escrito: é ter instrumentos para ir além do que foi exposto e criar uma opinião própria.

A compreensão e a interpretação de textos dão origem a uma forma mais crítica de pensar. Essa capacidade vai além das aulas de Português ou da redação em concursos vestibulares, trazendo muitos benefícios ao longo da vida.

(https://www.kumon.com.br/)

 

O que é interpretação de texto?

A interpretação de texto é a capacidade de uma pessoa compreender o que está escrito em uma mensagem textual, podendo pensar e refletir a partir daquilo que absorveu após a leitura.

Quanto maior for a habilidade de alguém na interpretação de textos, mais facilidade essa pessoa terá em qualquer atividade da vida que tenha relação com leitura.

De acordo com o site Gestão Educacional, a interpretação de texto é algo que começa a ser estudado ainda na infância e abrange justamente as situações cotidianas verbais e não-verbais.

O simples fato de atravessar um semáforo quando o sinal está verde e parar diante do vermelho já é uma interpretação, porém não-verbal.

Em contrapartida, quando estamos diante de uma placa de PARE, nos deparamos com interpretação de texto. Neste caso, desde crianças somos instruídos a pararmos quando estamos diante de uma sinalização dessas. Eis um bom exemplo de boa interpretação de texto, por mais que seja uma única palavra.

De maneira mais ampla, interpretar é determinar com precisão o sentido de um texto, é descobrir o significado real de algo.

 

5 dicas para melhorar a interpretação de textos:

Embora a interpretação de textos esteja presente o tempo todo em nossa vida, é importante aprimorarmos essa habilidade quando falamos de textos maiores.

É neles que está a maior dificuldade de interpretação, e, na maioria das vezes, quem desenvolve uma maior habilidade de compreensão, obtém melhores resultados no vestibular, faculdade, concursos e até em seleções de emprego que contenham provas escritas.

Confira algumas dicas que vão ajudar você a melhorar na interpretação de textos.

 

1. Leia bastante diariamente

Pode parecer óbvio, mas quanto mais você ler, melhor ficará sua interpretação de textos. Não esqueça que a leitura é um exercício, e à medida em que for mais incorporada à rotina, sua compreensão ficará mais fácil e natural.

Sempre que você terminar de ler um texto, post ou reportagem de jornal, faça uma reflexão sobre o que aprendeu. Todo o texto tem pelo menos uma mensagem a ser compreendida.

É importante ler devagar e com atenção, pois alguns textos são mais complexos e exigem bastante concentração para que a compreensão seja plena

 

2. Escreva seus próprios textos

Tão importante quanto entender é se fazer entender, não é mesmo? Então, que tal expor suas ideias?

Seja num post na rede social, num blog ou até mesmo num bloco de notas, é importante que a pessoa também exercite a escrita. Isso fará com que ela sinta a necessidade de criar argumentos para justificar o que está escrevendo, ampliando o vocabulário.

Desta forma, quando estiver lendo um texto, ao natural acabará se concentrando nos argumentos de quem escreveu, melhorando a compreensão da leitura.

 

3. Use o dicionário

Você já passou por aquela situação de se deparar com uma palavra desconhecida em meio a um texto? Se sim, o que fez?

Caso tenho buscado a resposta no dicionário, você fez a coisa certa. Hoje em dia, na internet, existem versões on-line de dicionários famosos, como o Michaelis, por exemplo.

Também estão disponíveis diversos dicionários no formato de aplicativos para celular, tais quais o Dicio e Aurélio.

Uma simples busca pela palavra que causou estranheza já vai aumentar seu vocabulário. Desde que a interpretação seja boa, claro!

 

4. Leia com calma e atenção

Vivemos tempos nos quais a rapidez da informação é regra. Entretanto, para uma leitura adequada e rica em interpretação correta, é necessário que seja feita com calma e atenção.

Se estiver lendo um livro cujo conteúdo cai no vestibular, evite mexer no celular enquanto está se dedicando à essa leitura. O mesmo vale para a TV e outras distrações. Tente focar sua atenção numa coisa de cada vez, especialmente quando está lendo.

Para estas situações, a recomendação é buscar um lugar tranquilo, com o mínimo de barulho possível.

 

5. Faça pausas

Sabemos que especialmente na faculdade somos expostos a leituras complexas. Tente ler de maneira pausada, um capítulo após o outro, fazendo pequenos intervalos para que seu cérebro possa assimilar as informações, tornando o processo de aprendizado mais efetivo.

De nada adianta ler um livro inteiro rápido e sem atenção. Ao chegar à última página, provavelmente terá aprendido muito pouco. Evite ler “passando os olhos” sobre as palavras.

(www.ead.faesa.br)

 

 

2. ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS

O parágrafo corresponde a uma estrutura textual onde estão contidas informações de um texto, sendo caracterizado por um recuo em relação à margem esquerda do texto.

O texto constitui um todo coeso, sendo composto de diversos parágrafos. Estes, são constituídos por diversas frases, que apresentam uma determinada coerência e coesão entre si, ou seja, uma ideia central mediante pontuação e uso de elementos coesivos adequados à semântica do texto.

A passagem de um parágrafo ao outro, dependerá do conteúdo e da finalidade do emissor de construí-lo.

A partir disso, lembre-se que a eficácia de um texto ou de abordar sobre um tema, se formam mediante o discurso e a concatenação das ideias apresentadas pelo locutor (emissor), de forma a permitir o entendimento do interlocutor (receptor).

A palavra, do grego “parágrafos” significa “escrever ao lado” ou “escrito ao lado”, sendo seu símbolo (§), ainda muito utilizado nos artigos legislativos.

Curioso notar que o símbolo do parágrafo, equivale a dois “esses” (S) envolvidos, que representam as iniciais das palavras latinas “signumsectionis” (sinal de secção, de corte).


Tipos de Parágrafo

Dependendo da dimensão e do tipo de texto, os parágrafos são classificados em:

Longos: muito utilizado em textos acadêmicos, monografias, teses e artigos, pois apresentam conceituações, definições e exemplificações.

“Interessante notar que o sucesso da obra não fora passageiro e seu reconhecimento implicou no aumento considerável do número de vendas e edições ao longo desses anos, sobretudo, do conhecimento e reconhecimento do público; e, se pensarmos assim, já temos certeza que esse ‘personagem lendário’ adquiriu uma posição de destaque, já que é considerada uma das maiores obras infanto-juvenis do Brasil, sendo atualmente utilizada nas escolas como ferramenta de acesso e, consequentemente, para disseminar o gosto pela leitura. Além disso, foi adaptada para cinema, série televisiva e desenho animado, expandindo ainda mais os corriqueiros momentos de travessuras desse menino tão maluquinho”.

 

Médios: normalmente encontrado nos meios de comunicação como as revistas e os jornais. Esse tipo de parágrafo prende a atenção do leitor, uma vez que suas ideias são apresentadas de maneira menos extensa.

"O escritor e educador Rubem Alves (80 anos), esteve internado desde 10 de julho em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nessa manhã, faleceu no Hospital Centro Médico de Campinas-SP, com falência múltipla de órgãos".

Curtos: encontrados nos textos infantis ou propagandas de publicidades. Constituídos por poucas palavras e, no caso das propagandas, uso de frases de destaque.

"Compre agora com 50% de desconto".

 

Narrativos: utilizam dos recursos de textos narrativos (contar uma história) para a construção do parágrafo como o predomínio dos verbos de ação. Nesse caso, se o discurso utilizado for o direto, pode haver travessões para indicar as falas das personagens.

"Preocupada com a discussão na noite anterior, Sofia preferiu ligar à Dora, e contar-lhe sobre o ocorrido, antes que alguém o fizesse:

— Oi Dora, tudo bem? Estou te ligando para falar que Joaquim estava ontem na festa e acabamos discutindo pelo mesmo motivo, mas dessa vez ele se alterou demasiado".

 

Descritivos: parágrafos repletos de adjetivos, verbos de ligação e orações coordenadas, dos quais apresentam uma descrição e/ou apreciação de objeto, pessoa, lugar, acontecimento, dentre outros.

"Adélia conseguiu comprar a casa de seus sonhos num condomínio próximo à montanha, com garagem, jardim, piscina e área de lazer. Na parte de baixo está a cozinha, toda equipada (com máquina de lavar e armários), a lavanderia, as salas (sala de jantar e sala de estar), e, ainda, o pequeno lavabo com decoração rústica. Na parte superior da casa estão os quartos (totalizando 5), sendo que todos eles são suítes, possuem carpete e armário embutido".

 

Dissertativos: parágrafos que apresentam uma ideia; sua proposta é defendê-la através da argumentação.

"O abate humanitário, defende, sobretudo, o bem-estar do animal, garantido durante toda sua vida até o momento do abate. Alguns apostam que esse tipo de abate, ao contrário do abate tradicional, favorece na qualidade da carne, visto que a animal sente uma taxa menor de stress. Entretanto, esse tipo de classificação coaduna com o sistema tradicional de abate, de forma que o animal senciente, decerto não vive feliz confinado e, como todos os seres, não deseja morrer. Igualmente, o fim desses animais, seja no sistema de abate tradicional ou na irônica expressão abate “humanitário” são o mesmo: a morte e o sofrimento de uma vida sem liberdade".

 

Estruturação do Parágrafo

A constituição de um parágrafo envolve três partes fundamentais:

Introdução: chamado de “tópico frasal”, essa parte define toda a ideia do parágrafo. Alguns recursos que auxiliam na estruturação de um tópico frasal são: uma alusão histórica, declaração inicial, interrogação, dentre outros.

Desenvolvimento: momento de explicação e/ou explanação do tópico inicial (frasal). Algumas maneiras para o desenvolvimento do texto são: desenvolvimento por definição, fundamentação, exemplos, detalhes, comparação

Conclusão: Nessa parte, ocorre o arremate e a retomada para encerrar a ideia inicial.

(https://www.todamateria.com.br/)

 

3.ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS.


COERÊNCIA, COESÃO E CLAREZA


TEXTO 1

Raimundo foi a uma festa, numa boate badalada de Búzios, com uma linda mulher, que não era sua namorada.

Temendo ser descoberto, olhava ao seu redor o tempo todo.

Lá pelas tantas, faltou energia e todo o  bairro, inclusive a boate, ficou às escuras. Todo mundo reclamou, menos Raimundo, que sentiu-se protegido pela escuridão. Tudo estava um breu, ninguém sabia quem era quem.

De repente, Raimundo ficou pálido, sua namorada acabara de entrar acompanhada de duas amigas”.

O texto acima apresenta uma incoerência: se tudo era um breu e ninguém via ninguém, como ele pode ter visto a namorada com as duas amigas, logo que entraram?

 

COERÊNCIA TEXTUAL, portanto, é a relação harmoniosa entre os pensamentos expostos; refere-se, portanto, ao conteúdo do texto.

Para que o texto seja coerente é preciso que  haja uma unidade, que todas as partes se encaixem.

Para que o texto acima pudesse ser considerado coerente, os personagens poderiam se encontrar na saída ou a energia poderia ter voltado. O que não pode é, no breu da boate, onde ninguém via ninguém, Raimundo ver a namorada logo que ela entrou.

Imagina um grupo de pessoas montando um painel com o tema HÁBITOS URBANOS e uma dessas pessoas sugerindo a fotografia de um garoto andando à cavalo numa fazenda. Teríamos uma incoerêcia.

No caso da dissertação, os argumentos apresentados para justificar sua tese precisam ser coerentes. Do contrário, toda a tese será comprometida.

Exemplo

“As quotas universitárias para negros é uma forma de resgate histórico da valorização de um grupo que foi proibido de frequentar escolas brasileiras num dado momento da história. Assim, podemos dizer que a quota é discriminatória.”

Aqui, a conclusão está equivocada, levando-se em conta a ideia inicial. Temos, portanto, um caso de incoerência.

 

COESÃO

Ligação  entre as ideias, as frases, o que é fundamental para o bom entendimento do mesmo.

Essa ligação precisa apresentar um sentido lógico, coerente; para isso é preciso observar as relações semânticas (de significado) existentes entre as palavras.

Para redigirmos um texto de boa qualidade, precisamos conhecer os elementos de coesão textual, pois um texto coeso, com as ideias bem arrumadas, nos permite compreendê-lo de modo satisfatório.

Para dar coesão ao nosso texto, podemos utilizar  diversas palavras que funcionam como conectivos (elementos de ligação): conjunções, preposições, pronomes relativos e advérbios.

Ex.:

“A liberação de gás carbônico na atmosfera começou  com a eclosão da Revolução Industrial, há 200 anos, quando as máquinas a vapor começaram  a queimar carvão como fonte de energia. Depois, os motores a explosão, como o dos automóveis, foram alimentados com subprodutos do petróleo. Esses combustíveis resultam de grandes porções de florestas do passado, soterrados pelo movimento incessante das placas tectônicas, que formam a superfície da Terra. Assim representam enormes estoques de gás carbônico. O corte e queima de florestas também vêm aumentando a liberação de gás carbônico  atmosférico.”  (O Estado de São Paulo: 16/06/99)

 

CONJUNÇÕES – estabelecem relações entre as orações ou entre palavras de uma mesma categoria gramatical.

 

CAUSA – para criar esta relação, podemos recorrer às conjunções (e locuções conjuntivas) subordinativas adverbiais causais: porque, como, visto que, uma vez que, já que; por causa de, devido a, em virtude de. Essas conjunções e expressões vão indicar uma causa e uma conseqüência ao juntar os dois pensamentos.

Ex.: “Alguns projetos essenciais não são votados porque temos políticos omissos em relação à saúde da população.”

Causa: Por que os projetos não são votados? Porque temos políticos omissos em relação à saúde da população.

Consequência:  Projetos importantes para a população não são votados e as pessoas são prejudicadas.

 

CONSEQUÊNCIA – Para apresentar um fato como consequência de outro, o mais prático é usarmos conjunções subordinativas adverbiais consecutivas: que(depois de tão, tanto, tal), de sorte que, de modo que, de maneira que, de forma que. Ouras expressões indicadoras de conseqüência: por isso, assim, como resultado, por consequência.

 

COMPARAÇÕES – Em redações, é muito comum confrontarmos assuntos, dados, fatos, ideias, comparando peculiaridades entre eles. Para tal procedimento, utilizamos, normalmente, conjunções subordinativas adverbiais comparativas: assim como, de modo semelhante, igualmente, do mesmo modo, por sua vez, tal qual, seja... seja, diferentemente.

 

Ex.: “O Brasil, de modo semelhante aos demais países do Terceiro Mundo, mantém uma política educacional pobre em todos os níveis, se compararmos aos países europeus.”


COESÃO REFERENCIAL

A coesão referencial é aquela que se concentra na manutenção de um termo ou assunto do texto, analisando se o autor consegue diversificar as formas de nomear e retomar esse referente, de um modo que a leitura fique fluida e o leitor consiga compreender o sentido.


Exemplo:

“A educação é uma ferramenta cidadã, ela deve preparar o sujeito para a vida adulta de modo integral.”

Como é possível observar, o pronome “ela” é responsável por retomar e substituir o substantivo “educação”. Ao fazer esse movimento, o autor não repete a mesma expressão, mas consegue indicar, para o leitor, que a nova informação se refere ao mesmo referente: a educação. Essa indicação só é possível pela marcação superficial com o uso do pronome: “ela”. Sendo assim, o corretor busca identificar essas marcas e averiguar se estão adequadamente utilizadas.

Além dos pronomes pessoais, outros recursos podem ser utilizados para promover a coesão referencial do texto. Segue alguns exemplos, retirados do material oficial do Inep.

Advérbios:

“Cannes, na França, hospeda um dos mais respeitados festivais de cinema do mundo. , o filme brasileiro Bacurau recebeu o cobiçado Prêmio do Júri.”

O advérbio “Lá” é responsável por estabelecer a relação entre os períodos.

Artigos:

“Comprei um livro na feira literária em Poços de Caldas. O livro era de Chico Buarque de Holanda, ganhador do Prêmio Camões.”

O artigo definido “o”, antes do substantivo “livro”, define esse nome e, no texto, especifica que se refere ao livro citado na frase anterior, por isso também serve para estabelecer a relação coesiva.

Sinônimos:

“A importância do respeito às religiões de origem africana foi lembrada pela aluna. A estudante queria fazer valer seu direito constitucional à prática religiosa.”

Nesse caso, “aluna” é substituída por “estudante”, expressões com relação de sinonímia.

Hiperônimos/hipônimos:

“Aquela jovem sabe falar várias línguas. O guarani é sua favorita.”

A expressão “guarani” é hipônima da expressão “línguas”. O uso adequado desse recurso faz uma referenciação com efeito de especificação ou abrangência.

 Nominalização:

“Os alunos se manifestaram protestando contra o escândalo de corrupção que envolvia o desvio de verba da merenda escolar. A manifestação chamou a atenção da mídia e das autoridades, e instaurou-se uma investigação.”

A nominalização é o recurso de retomar a ideia anterior, conceituando-a com algum nome. No exemplo, a expressão “manifestação” retoma toda a ideia do período anterior.

COESÃO SEQUENCIAL

Por outro lado, a coesão sequencial se concentra no encadeamento das frases no texto. Como a redação do Enem é do tipo dissertativo-argumentativo, as estratégias de encadeamento priorizadas são aquelas que utilizam os operadores argumentativos, tanto para indicar uma conexão como para explicar a natureza dessa relação (adversativa, modal, causal etc.).

A competência 4 se concentra, principalmente, nesses operadores: se foram utilizados, se possuem diversidade no uso e se estão adequadamente posicionados, estabelecendo as relações corretas entre as ideias, informações e argumentos. As ferramentas disponíveis devem ser utilizadas para apresentar e defender o ponto de vista sobre o tema, pois é exigência do tipo textual dissertativo-argumentativo.

Assim, segue a tabela com os operadores argumentativos disponíveis para o texto:

Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão: também, ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, além disso.

Operadores que indicam o argumento mais forte em uma escala a favor da mesma conclusão: inclusive, até mesmo, nem, nem mesmo.

Operadores que deixam subentendida a existência de uma escala com outros argumentos mais fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo.

Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, embora, ainda que, posto que, apesar de.

Operadores que introduzem uma conclusão com relação a argumentos apresentados em enunciados anteriores: logo, portanto, pois, por isso, por conseguinte, em decorrência, resumindo, concluindo.

Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior: porque, porquanto, pois, visto que, já que, para que, para, a fim de.

Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos, visando a uma determinada conclusão: mais... (do) que, menos... (do) que, tão... quanto.

Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões diferentes ou opostas: ou... ou, quer... quer, seja... seja.

Operadores que introduzem conteúdos pressupostos no enunciado: já, ainda, agora.

Operadores que funcionam numa escala orientada para a afirmação da totalidade ou para a negação da totalidade. Afirmação: um pouco, quase. Negação: pouco, apenas.

 

4.SIGNIFICAÇÃO CONTEXTUAL DE PALAVRAS E EXPRESSÕES

A significação contextual de palavras e expressões é mais uma maneira de pedir o conteúdo de significação das palavras.

Significação das palavras

O significado das palavras é estudado pela semântica, que é um ramo da linguística que estuda o sentido das palavras, frases e textos de uma língua.

 

DENOTAÇÃO / SENTIDO PRÓPRIO E CONOTAÇÃO / SENTIDO FIGURADO

 

Denotação

Também conhecido como sentido próprio ou denotativo das palavras.

Sentido literal da palavra ou expressão. Ela não precisa do contexto para que você a compreenda, ou seja, tem o mesmo sentido do dicionário. Como ela normalmente é usada.

Exemplos: Comprei uma flor na floricultura

A cobra picou a menina.

 

Conotação

Também conhecido como sentido figurado ou conotativo das palavras

Já é uma palavra que depende do contexto para entender o seu significado. Este contexto pode mudar o sentido literal da palavra ou expressão. Quando a palavra é usada de modo criativo ela aumenta as possibilidades de interpretações. É muito usado em campanhas publicitárias.

Utilizando as mesmas palavras dos exemplos anteriores ficará mais claro:

Exemplos: A Raquel é uma flor de menina.

O contexto alterou o sentido literal da palavra flor. Nesta expressão significa que Raquel é meiga e bela.

 

Minha sogra é uma cobra.

O contexto também alterou o sentido literal da palavra cobra. Nesta expressão significa que a sogra é antipática e insuportável.

 

Antônimo e Sinônimo

Antônimos (Antonímia): palavras que possuem significados diferentes, ou seja, significados opostos.

Exemplos: feliz e infeliz, simpático e antipático, simétrico e assimétrico, progressão e regressão

Sinônimos (Sinonímia): palavras que possuem significados iguais ou semelhantes.

Exemplos: carro e automóvel, comprido e longo, inteiro e completo, desenvolver e crescer.

 

Homônimos (homonímia) - são palavras com escrita ou pronúncia iguais, mas significado diferente.

Ex.: caminho (itinerário) e caminho (verbo caminhar); rio (curso de água) e rio (verbo rir);

 

Homônimos perfeitos – Têm a mesma grafia e o mesmo som, mas significados diferentes.

Ex.: cedo (com antecedência) e cedo (verbo ceder)

 

Homônimos homógrafos - Têm a mesma grafia, porém som diferente e significado também.

Ex.: apoio (suporte) e apoio (verbo apoiar)

 

Homônimos homófonos - Têm grafia diferente e mesmo som e com significados diferentes.

Ex: cela (cadeia) e sela (arreio)

 

Parônimos (paronímia) - são palavras com escrita e pronúncia parecidas, mas com significado diferente.

Ex: Deferir (conceder) e diferir (ser diferente);  discriminar (especificar) e descriminar (inocentar)

 

Ambiguidade

A ambiguidade também é conhecida como anfibologia e ocorre quando o texto não está claro, dando uma duplicidade de sentido em palavras ou expressões.

Alguns textos até utilizam deste recurso como o poético ou literário. Outros como textos como técnicos ou informativos evitam este recurso.

A ambiguidade é considerada um vício de linguagem, que são desvios das normas gramaticais que atrapalham a comunicação do pensamento e normalmente ocorre por descuido ou desconhecimento da norma culta por parte da pessoa que quer passar a mensagem.

Para se passar uma mensagem é necessária que ela seja clara e coerente, ou seja, ela não pode dar margem a mais de uma interpretação.

Exemplos de ambiguidade como vício de linguagem:

A menina disse à colega que sua mãe havia chegado.

(Quem chegou foi a mãe dela ou a mãe da colega?)

 

O pai pediu ao filho que arrumasse o seu quarto.

(Qual quarto é para arrumar, o do filho ou do pai?)

 

Polissemia e Monossemia

Polissemia: Prefixo poli= muitos e sufixo semia= sentidos, ou seja, muitos sentidos.

É uma palavra ou expressão que tem muitos significados (vários sentidos). Geralmente é da mesma classe gramatical, mesmo campo semântico ou são relacionados entre si.

Ex.: Letra

João de Barro que escreveu a letra da música Carinhoso.

A letra inicial de Maria é “M”.

A letra de seu filho é muito bonita.

Apesar de terem significados diferentes elas pertencem ao mesmo conceito, são relacionados à escrita.

Outros exemplos de polissemia: Dama, boca, vela  etc…

 

A monossemia indica que determinadas palavras apresentam apenas um significado.

Exemplos de palavras monossêmicas:

Estetoscópio (instrumento médico);

Porcelana (produto cerâmico)

Heptágono (polígono com sete lados).

 

Hiperonímia e hiponímia

A hiperonímia é representada por aquelas palavras que dão ideia de um todo, ou seja, de significado mais abrangente.

O hiperônimo é uma palavra superior, pois permitem a formação de subclasses relacionadas a ele.

Constitui as características gerais de uma classe.

Exemplos: Cor, esportes, animais,  veículos.

 

Classe: Cor (hiperônimo)

Subclasse: Rosa, amarelo, verde, vermelho

 

A hiponímia é representada por aquelas palavras que dão a ideia de uma parte de um todo, tendo um sentido mais restrito, por isso, é considerada uma palavra inferior, pois ela se originou de outra.

O hipônimo seria as palavras da subclasse do hiperônimo.

Exemplos: Rosa, vólei, cavalo e carro

Classe: esportes (hiperônimo)

Subclasse: Natação, futebol e tênis (hipônimos)

(https://materiasparaconcursos.com.br/)

 

5.INTERPRETAÇÃO: PRESSUPOSIÇÕES E INFERÊNCIAS; IMPLÍCITOS E SUBENTENDIDOS.

Pressupostos e subentendidos são informações implícitas num texto, não expressas formalmente, apenas sugeridas por marcas linguísticas ou pelo contexto. Cabe ao leitor, numa leitura proficiente, ir além da informação que se encontra explícita, identificando e compreendendo as informações implícitas, ou seja, lendo nas entrelinhas.

Os pressupostos são de mais fácil identificação, estando sugeridos no texto. Os subentendidos são deduzidos pelo leitor, sendo da sua responsabilidade.

Exemplos:

- Heloísa está cansada de ser professora.

Pressuposto: Heloísa é professora.

Subentendido: Talvez porque o salário é baixo ou há muita indisciplina.

 

- Infelizmente, meu marido continua trabalhando fora do país

Pressuposto: O marido está trabalhando fora do país e a mulher não está satisfeita com essa situação.

Subentendido: Talvez por ter melhor salário fora do país ou por não encontrar trabalho no seu país.

 

Pressupostos

Os pressupostos são informações implícitas adicionais, facilmente compreendidas devido a palavras ou expressões presentes na frase que permitem ao leitor compreender essa informação implícita. O enunciado depende dessa pressuposição para que faça sentido. Assim, o pressuposto é verdadeiro e irrefutável.

Exemplos de pressupostos:

- Decidi deixar de comer carne.

Pressuposto: A pessoa comia carne antes.

 

- Finalmente acabei minha monografia.

Pressuposto: Demorou algum tempo para terminar a monografia.

 

- Alunos que estudam de manhã costumam ter melhor rendimento.

Pressuposto: Há alunos que não estudam de manhã.

 

- Desde que ela mudou de casa, nunca mais a vi.

Pressuposto: Costumava vê-la antes dela mudar de casa.

 

Marcas linguísticas que facilitam a identificação de pressupostos:

Verbos que indicam fim, continuidade, mudança e implicações: começar, continuar, parar, deixar, acabar, conseguir,...

Advérbios: felizmente, finalmente, ainda, já, depois, antes,...

Pronome introdutório de orações subordinadas adjetivas: que

Locuções que indicam circunstâncias: depois que, antes que, desde que, visto que,...

 

Subentendidos

Os subentendidos são insinuações, informações escondidas, dependentes da interpretação do leitor. Não possuem marca linguística, sendo deduzidos através do contexto comunicacional e do conhecimento que os destinatários têm do mundo. Podem ser ou não verdadeiros e podem ser facilmente negados, visto serem unicamente da responsabilidade de quem interpreta a frase.

Exemplos de subentendidos:

- Quando sair de casa, não se esqueça de levar um casaco.

Subentendido: Está frio lá fora.

 

- Já tenho a garganta seca de tanto falar.

Subentendidos: Quero beber um copo de água ou quero parar de falar neste momento.

 

- Você vai a pé para casa agora?

Subentendidos: Eu posso lhe dar uma carona ou é perigoso andar a pé na rua a estas horas.

(https://www.normaculta.com.br)

 

6. VARIEDADES DE TEXTO E ADEQUAÇÃO DE LINGUAGEM

 

Os gêneros textuais são classificados conforme as características comuns que os textos apresentam em relação à linguagem e ao conteúdo.

Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e receptor) de determinado discurso.

 

São exemplos resenha crítica jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de supermercado.

É importante considerar seu contexto, função e finalidade, pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. Isso, por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto injuntivo).

 

Tipos de Gêneros Textuais

Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Note que existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias tipológicas de texto. Em outras palavras, gêneros textuais são estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos: narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e injuntivo.

 

Texto Narrativo

Os textos narrativos apresentam ações de personagens no tempo e no espaço. A estrutura da narração é dividida em: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.

Alguns exemplos de gêneros textuais narrativos:

Romance

Novela

Crônica

Contos de Fada

Fábula

Lendas

Biografia

 

Texto Descritivo

Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa forma, são textos repletos de adjetivos, os quais descrevem ou apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do locutor (emissor).

São exemplos de gêneros textuais descritivos:

Diário

Relatos (viagens, históricos, etc.)

Notícia

Currículo

Lista de compras

Cardápio

Anúncios de classificados

 

Texto Dissertativo-Argumentativo

Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor um tema ou assunto por meio de argumentações. São marcados pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo que tentam persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida em três partes: tese (apresentação), antítese (desenvolvimento), nova tese (conclusão).

Exemplos de gêneros textuais dissertativos:

 

Editorial Jornalístico

Carta de opinião

Resenha

Artigo

Ensaio

Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado

 

 

Texto Expositivo

Os textos expositivos possuem a função de expor determinada ideia, por meio de recursos como: definição, conceituação, informação, descrição e comparação.

Alguns exemplos de gêneros textuais expositivos:

Seminários

Palestras

Conferências

Entrevistas

Trabalhos acadêmicos

Enciclopédia

Verbetes de dicionários

 

Texto Injuntivo

O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, é aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor (emissor) objetiva orientar e persuadir o interlocutor (receptor). Por isso, apresentam, na maioria dos casos, verbos no imperativo.

Alguns exemplos de gêneros textuais injuntivos:

 

Propaganda

Receita culinária

Bula de remédio

Manual de instruções

Regulamento

Textos prescritivos

 

Conheça mais gêneros textuais:

Anedota

Blog

Reportagem

Charge

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Tipos de variações linguísticas

Há quatro tipos de distinção dentro das variações linguísticas. Vamos aprender um pouco sobre cada um deles.

Variações históricas (diacrônicas)

As variações históricas tratam das mudanças ocorridas na língua com o decorrer do tempo. Algumas expressões deixaram de existir, outras novas surgiram e outras se transformaram com a ação do tempo.

Um clássico exemplo da língua portuguesa é o termo “você”: no português arcaico, a forma usual desse pronome de tratamento era “vossa mercê”, que, devido a variações inicialmente sociais, passou a ser mais usado frequentemente como “vosmecê”. Com o passar dos séculos, essa expressão reduziu-se ao que hoje falamos como “você”, que é a forma incorporada pela norma-padrão (visto que a língua adapta-se ao uso de seus falantes) e aceita pelas regras gramaticais. Em contextos informais, é comum ainda o uso da abreviação “cê” ou, na escrita informal, “vc” (lembrando que estas últimas formas não foram incorporadas pela norma-padrão, então não são utilizadas na linguagem formal).

Vossa mercê → Vosmecê → Você → Cê

Outras mudanças comuns são as de grafia, as quais as reformas ortográficas costumam regular. Assim, a partir de 2016, a palavra “consequência” passou a ser escrita sem trema, sendo que antes era escrita desta forma: “conseqüência”. Do mesmo modo, a palavra “fase” é hoje escrita com a letra f devido à reforma ortográfica de 1911, sendo que antes era escrita com ph: “phase”.

Conseqüência → Consequência

Phase → Fase

Vale, ainda, comentar a respeito de palavras que deixam de existir ou passam a existir. Isso acontece frequentemente com as gírias: se antes jovens costumavam dizer que algo era “supimpa” ou que “aquele broto é um pão”, hoje é mais comum ouvir deles que algo é “da hora” ou que “aquela mina é mó gata”.

 

Variações geográficas (diatópicas)

As variações geográficas naturalmente falam da diferença de linguagem devido à região. Essas diferenças tornam-se óbvias quando ouvimos um falante brasileiro, um angolano e um português conversando: nos três países, fala-se português, mas há diferenças imensas entre cada fala.

Não é preciso que a distância seja tão grande: dentro do próprio Brasil, vemos diferenças de léxico (palavras) ou de fonemas (sons, sotaques). Há diferenças entre a capital e as cidades do interior do mesmo estado. Observemos alguns exemplos de diferenças regionais:

“Mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”? Os três nomes estão corretos, mas, dependendo da região do Brasil, você ouvirá com mais frequência um ou outro. O mesmo vale para a polêmica disputa entre “biscoito” e “bolacha”, que se estende para todo o território nacional.

As gírias também variam bastante regionalmente: cerveja pode ser conhecida como “bera” em regiões do Paraná, “breja” em São Paulo e “cerva” no Rio de Janeiro.

Variações sociais (diastráticas)

As variações sociais são as diferenças de acordo com o grupo social do falante. Embora tenhamos visto como as gírias variam histórica e geograficamente, no caso da variação social, a gíria está mais ligada à faixa etária do falante, sendo tida como linguagem informal dos mais jovens (ou seja, as gírias atuais tendem a ser faladas pelos mais novos).

Há, ainda, expressões informais ligadas a grupos sociais específicos. Um grupo de futebolistas, por exemplo, pode usar a expressão “carrinho” com significado específico, que pode não ser entendido por um falante que não goste de futebol ou que será entendido de modo distinto por crianças, por exemplo.

Um grupo de capoeiristas pode facilmente falar de uma “meia-lua”, enquanto pessoas de fora desse grupo talvez não entendam imediatamente o conceito específico na capoeira. Do mesmo modo, capoeiristas e instrumentistas provavelmente terão mais familiaridade com o conceito de “atabaque” do que outras pessoas.

Como vimos, as profissões também influenciam bastante nas variações sociais por meio dos termos técnicos (jargões): contadores falam dos termos “ativo” e “passivo” para remeter a conceitos diferentes daqueles usados por linguistas. No entanto, em ambos os casos, ativo e passivo são conceitos muito mais específicos do que seu uso geral em outros grupos.

 

Variações estilísticas (diafásicas)

As variações estilísticas remetem ao contexto que exige a adaptação da fala ou ao estilo dela. Aqui entram as questões de linguagem formal e informal, adequação à norma-padrão ou despreocupação com seu uso. O uso de expressões rebuscadas e o respeito às normas-padrão do idioma remetem à linguagem tida como culta, que se opõe àquela linguagem mais coloquial e familiar. Na fala, o tom de voz acaba tendo papel importante também.

Assim, o vocabulário e a maneira de falar com amigos provavelmente não serão os mesmos que em uma entrevista de emprego, e também serão diferentes daqueles usados para falar com pais e avós. As variações estilísticas respeitam a situação da interação social, levando-se em conta ambiente e expectativas dos interlocutores.

 

Preconceito linguístico

Tendo tantas variações e nuances, pudemos ver que cada contexto social traz naturalmente um modo mais ou menos adequado de expressão, sendo importante entender que as variações linguísticas existem para estabelecer uma comunicação adequada ao contexto pedido.

Apesar disso, as diversas maneiras de expressar-se ganham status de maior ou menor prestígio social baseado em uma série de preconceitos sociais: as variações linguísticas ligadas a grupos de maior poder aquisitivo, com algum tipo de status social, ou a regiões tidas como “desenvolvidas” tendem a ganhar maior destaque e preferência em relação às variedades linguísticas ligadas a grupos de menor poder aquisitivo, marginalizados, que sofrem preconceitos ou que são estigmatizados.

Desenvolve-se, assim, o preconceito linguístico, que se baseia em um sistema de valores que afirma que determinadas variedades linguísticas são “mais corretas” do que outras, gerando um juízo de valor negativo ao modo de falar diferente daqueles que se configuram como os “melhores”. O preconceito linguístico nada mais é do que a reprodução, no campo linguístico, de um sistema de valores sociais, econômicos e culturais.

No entanto, ao estudarmos as variações linguísticas, percebemos que não há uma única maneira de expressar-se e que, portanto, não há apenas um modo certo. A língua e sua expressão variam de acordo com uma série de fatores. Antes de tudo, ela deve cumprir seu papel de expressão, sendo compreendida pelos falantes e estando adequada aos contextos e às expectativas no ato da fala. Dessa forma, o ideal do preconceito linguístico, que gera juízo de valor às diferentes variações linguísticas, não deve ser alimentado.

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7. EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE ESTRUTURAS

O objetivo da equivalência e transformação de estruturas é transformar a estrutura de um texto a algo equivalente sem perder o sentido e continuar gramaticalmente correto.

Simplificando é reescrever o texto de maneira que ele continue coerente e não perca o sentido.

Muitas vezes é pedido em questões de concursos para você reescrever um texto em tempos diferentes, de singular para plural, substituir uma conjunção, dentro outras possibilidades e mesmo com estas mudanças o texto não perca a coerência e sentido.

Para fazer uma reescrita de frases e parágrafos de um texto, nós devemos ter muita atenção na gramática, ou seja, nos erros de pontuação, concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal, o uso da crase e a colocação pronominal.

Neste artigo abordarei sobre paralelismo sintático e semântico, pois é necessário conhecer para transformar um texto em algo equivalente sem perder sentido.

Paralelismo sintático e paralelismo semântico

Paralelismo é a criação de uma sequência de frases com uma estrutura paralela com significados equivalentes, ou seja, idêntica. Isto torna o texto claro, objetivo e harmonioso.

Existe o paralelismo sintático e o paralelismo semântico.

 

Paralelismo sintático

É uma sequência de estruturas sintáticas idênticas que se repete com valores sintáticos iguais. É um recursos de coesão textual que acaba dando ao texto mais objetividade, precisão e clareza. Os termos e orações se ligam através do processo de coordenação dando uma relevância uma sobre a outra. A isso chamamos de paralelismo sintático.

Os valores são iguais, ou seja, estruturas simétricas.

Exemplo 1

Sem paralelismo sintático

 

O corredor brasileiro que venceu a maratona, foi seguido pelo corredor português e do corredor chileno.

Com paralelismo sintático

O corredor brasileiro que venceu a maratona foi seguido pelo corredor português e pelo corredor chileno.

 

Exemplo 2

Sem paralelismo sintático

Eu pedi para ela vir na hora do almoço e que trouxesse sobremesa.

Com paralelismo sintático

Eu pedi que ela viesse na hora do almoço e que trouxesse sobremesa.

 

Estruturas de paralelismo sintático mais comuns são:

Por um lado… por outro…

Ex.: Se por um lado o aumento de preço garantem o emprego de todos, por outro, descontentam os clientes.

 

Não… nem…

Ex.: Não ganhou o campeonato neste ano, nem no anterior.

 

Tanto… quanto…

Ex.: O cigarro é prejudicial tanto para os fumantes, quanto para os não fumantes.

 

Primeiro… segundo…

Ex.:Não gostei de seu discurso. Primeiro porque não tinha a ver com o momento; segundo porque todos ficaram constrangidos.

 

Além destes temos também:

Seja… seja…

Quanto mais… mais…

Quanto menos… menos…

Ora… ora…

 

 Paralelismo semântico

O paralelismo semântico ocorre quando há uma concordância (sentido) entre as ideias presentes no texto. As ideias têm que ser comparadas entre si, ou seja, elas têm que estar relacionadas.

Exemplo 1

Sem paralelismo semântico

O pedreiro pediu que o Caio fosse ao mercado.

Com paralelismo semântico

O pedreiro pediu que o ajudante fosse ao mercado.

 

Exemplo 2

Sem paralelismo semântico

João gosta de maçã e nadar.

Com paralelismo semântico

João gosta de maçã e banana.

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8. DISCURSO DIRETO E INDIRETO

Os diferentes tipos de discurso — direto, indireto e indireto livre — são utilizados principalmente em textos de caráter narrativo no intuito de introduzir as diversas vozes disponíveis (personagens e narrador).

O discurso direto pode ser entendido como a reprodução exata da fala de alguém. Já o discurso indireto ocorre quando o autor expressa com suas palavras a fala de outrem. Por fim, o discurso indireto livre é uma mescla entre o direto e o indireto.

Resumo sobre discurso direto, indireto e indireto livre

Os discursos direto, indireto e indireto livre são tipos de discurso utilizados principalmente em textos  literários a fim de marcar as falas presentes na obra.

O discurso direto é a maneira de dizer de forma exata a fala de uma personagem.

O discurso indireto é a reprodução da fala de uma personagem por meio do narrador. Assim, ele fala pela personagem.

O discurso indireto livre é considerado uma junção entre o discurso direto e o indireto, isso porque há diversas intervenções do narrador na fala das personagens. Assim, não há precisão sobre quem diz o quê, e seus discursos podem ser confundidos.

Discurso direto

O discurso direto é aquele que reproduz exatamente a fala de outrem. Esse tipo de discurso está presente na literatura e também no cotidiano.

Exemplo:

Esses dias minha mãe disse: “Vá trabalhar!”

Para construir um discurso direto, é necessário inserir um verbo de elocução (dizer, falar, anunciar, comunicar...): (“ele diz …”, “ela afirma…”, “ele perguntou…”, “ela interrogou…”, dentre outros), seguido por dois-pontos e:

a) mudar de linha para outro parágrafo e usar o travessão antes da fala ou

 

b) permanecer na mesma linha e usar aspas duplas. Por exemplo: Ela disse: “Não vou sair hoje!”

 

A literatura é um espaço em que o discurso direto ocorre de forma recorrente. A seguir, analisaremos brevemente uma crônica de Luís Fernando Veríssimo construída por meio desse modelo.

 

Na festa dos 34 anos da Clarinha, o seu marido, Amaro, fez um discurso muito aplaudido. Declarou que não trocava a sua Clarinha por duas de 17, sabiam por quê? Porque a Clarinha era duas de 17. Tinha a vivacidade, o frescor e, deduzia-se, o fervor sexual somado de duas adolescentes. No carro, depois da festa, o Marinho comentou:

‒ Bonito, o discurso do Amaro.

‒ Não dou dois meses para eles se separarem — disse a Nair.

‒ O quê?

‒ Marido quando começa a elogiar muito a mulher…

Nair deixou no ar todas as implicações da duplicidade masculina.

‒ Mas eles parecem cada vez mais apaixonados — protestou Marinho.

‒ Exatamente. Apaixonados demais. Lembra o que eu disse quando a Janice e o Pedrão começaram a andar de mãos dadas?

‒ É mesmo…

‒ Vinte anos de casados e de repente começam a andar de mãos dadas? Como namorados? Ali tinha coisa.

‒ É mesmo…

‒ E não deu outra. Divórcio e litigioso.

‒ Você tem razão.

‒ E o Mário com a coitada da Marli? De uma hora para outra? Beijinho, beijinho, “mulher formidável” e descobriram que ele estava de caso com a gerente da loja dela.

‒ Você acha, então, que o Amaro tem outra?

‒ Ou outras.

Nem duas de 17 estavam fora de cogitação.

‒ Acho que você tem razão, Nair. Nenhum homem faz uma declaração daquelas assim, sem outros motivos.

‒ Eu sei que tenho razão.

‒ Você tem sempre razão, Nair.

‒ Sempre, não sei.

‒ Sempre. Você é inteligente, sensata, perspicaz e invariavelmente acerta na mosca. Você é uma mulher formidável, Nair. Durante algum tempo, só se ouviu, dentro do carro, o chiado dos pneus no asfalto. Aí Nair perguntou:

‒ Quem é ela, Marinho?

(“Beijinho, beijinho”, de Luís Fernando Veríssimo)

 

No texto acima, o discurso direto se faz presente no diálogo entre as personagens ao comentarem a fala do colega em uma festa. O discurso direto ocorre sem mediações por parte do narrador. Ele reproduz, de maneira literal, tudo o que foi dito pelas personagens.

 

Discurso indireto

O discurso indireto é a forma de dizer caracterizada por uma intervenção do autor que interfere na fala ao usar suas próprias palavras para referenciar as de outrem. Ele também é utilizado na literatura e em nosso cotidiano.

Exemplo:

Esses dias minha mãe me disse para ir trabalhar.

Para utilizar o discurso indireto é preciso usar um verbo de elocução seguido de um conectivo (preposição, conjunção etc.) que executa a mudança de voz do narrador para a voz da personagem.

Exemplo:

Eles disseram que não era possível entrar no estabelecimento.

disseram = verbo de elocução

que = conjunção integrante

Eles disseram = voz do narrador

Não é possível entrar no estabelecimento = possível voz da personagem

 

Veja, a seguir, um exemplo de discurso indireto na obra Dom Casmurro. O escritor Machado de Assis faz uso desse tipo de discurso por meio do seu narrador personagem Bentinho, que retoma uma fala de Capitu.

Capitu segredou-me que a escrava desconfiara, e ia talvez contar às outras. Novamente me intimou que ficasse, e retirou-se; eu deixei-me estar parado, pregado, agarrado ao chão.”  (Dom Casmurro, Machado de Assis)

No trecho acima, há um discurso indireto quando o narrador utiliza um verbo com uma elocução na seguinte passagem: “Capitu segredou-me que a escrava desconfiara”. Nesse caso, o narrador apropriou-se da fala de uma das personagens.


Discurso indireto livre

O discurso indireto livre é uma mescla entre os discursos direto e indireto. Nele, o narrador assume o lugar de outro, expressando sentimentos e pensamentos em sua narrativa. Esse tipo de discurso é mais comum em textos literários. Veja um exemplo a seguir:

Flávia estava cansada e logo se deitou. Ela precisava trabalhar em poucas horas. Acordei desesperada. Já era para estar no trabalho. As poucas horas passaram e nem percebi.

Do ponto de vista estrutural, o discurso indireto livre apresenta maior liberdade para extrapolar o aspecto formal da língua. O principal aspecto composicional do discurso indireto livre é a adesão dos pensamentos e ideias da personagem por parte do narrador. O discurso indireto livre mistura, em diversas ocasiões, a primeira pessoa do singular e plural e/ou terceira pessoa em uma mesma sentença. Vejamos:

Vamos! Eu vou conseguir.

Ele não queria sair de casa. Não vou, em hipótese alguma, sair de casa.

Pense rápido. Pense rápido. Não consegui.

Analisando as sentenças acima, percebe-se que o principal elemento de construção do discurso indireto livre é justamente a imprecisão sobre quem realmente está falando — se é o narrador ou a personagem.

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